A comissão política nacional do CDS, que foi eleita este domingo, deixou de fora Teresa Caeiro, ex-secretária de Estado dos governos de Durão Barroso e de Santana Lopes, e Pedro Pestana Bastos, candidato do CDS à Câmara de Loures depois das polémicas declarações de André Ventura. Mas ambos asseguraram ao i que se tratou de opções próprias e não de afastamentos por parte da direção do partido.
Teresa Caeiro, também vice-presidente de Paulo Portas, explica ao i que “foi uma decisão conjunta”. “Eu já estou na direção, na comissão política e na comissão executiva do partido desde 1998. Já é muito tempo e acho que as pessoas enchem muito a boca a dizer que é preciso haver renovação, mas depois acabam por não desgrudar”, afirma a número dois do conselho nacional do CDS. Teresa Caeiro foi eleita a seguir a António Lobo Xavier e, na ausência deste, foi ela a representá-lo. “E imagino que ele terá menos disponibilidade do que eu para ir aos conselhos nacionais e, portanto, estou absolutamente confortável [com a decisão]”, acrescenta a ex-secretária de Estado.
Quanto a Pedro Pestana Bastos, a saída foi motivada por questões profissionais. “Fui eu que pedi a Assunção Cristas para sair porque nos próximos anos vou ter outras responsabilidades que entendo que são incompatíveis com a presença na comissão política”, diz ao i, negando a existência de “qualquer falta de sintonia com a estratégia” de Cristas.
“Assunção Cristas pediu-me para ficar na comissão política”, acrescenta Pestana Bastos, “mas depois chegámos à conclusão que podia ficar só no conselho nacional”. E como forma de provar que não existe divergência com a líder centrista, Pestana Bastos ressalva que foi colocado por Cristas “logo nos primeiros lugares [da lista], no número quatro ou no cinco”.
“As pessoas, quando ficam muito tempo nos lugares, correm o risco de ficar acomodadas ou até saturadas”, explica Teresa Caeiro. “Eu sempre jurei a mim própria que não iria ficar para além daquilo que eu acho que é o tempo normal e, sobretudo, quando há pessoas novas a querer entrar”, acrescenta, lembrando que não pode criticar o que se passa nos cargos da administração pública “e depois não dar o exemplo”.
Sobre a entrada de Leonardo Mathias, ex-secretário de Estado-adjunto da Economia, de Cecília Carmo, ex-jornalista da RTP, Domingas Carvalhosa, consultora de comunicação, Vânia Dias da Silva, Vítor Mendes e Rosa Guerra, a ex-secretária de Estado tem uma opinião bastante positiva: “Uma das variadíssimas qualidades de Assunção Cristas é o facto de ter vindo a captar cada vez mais pessoas, muito diferenciadas, de vários setores e muitíssimo qualificadas”.
Pestana Bastos também quis mostrar que é “apoiante de Assunção Cristas desde início” e que “não há qualquer tipo de afastamento ou menos empenho no CDS”.
O candidato a Loures sublinha que, apesar de não estar na comissão política, vai continuar disponível para o partido. “O CDS sabe que sempre que precisar de mim, seja em grupos de trabalho, seja em algum tipo de palpitação, pode contar comigo e não tenho dúvidas que continuarei a trabalhar com o partido”.
O nome de Pedro Pestana Bastos teria sido apontado para integrar a comissão nacional depois da disponibilidade mostrada por aquele para assumir de urgência o lugar de candidato à Câmara de Loures. O militante que concorreu contra o atual presidente da câmara, Bernardino Soares, do PCP, e contra André Ventura, o candidato que inicialmente teve o apoio do CDS, não conseguiu eleger nenhum vereador, ficando apenas com 2,86% dos votos.
“Na altura, Assunção Cristas pediu-me para representar o CDS em Loures e eu fui com todo o gosto e com toda a vontade”, nota Pestana Bastos, recusando que este pedido o tenha aproximado ou afastado da líder.
Com a lista às eleições europeias apresentada, a próxima opção serão as legislativas e, sobre a possibilidade de integrar a lista de candidatos a deputados, Pestana Bastos disse que ainda é cedo para falar. “Faltam dois anos, portanto a questão das eleições legislativas não se coloca e Assunção Cristas terá naturalmente tempo para preparar propostas”, diz, ressalvando que “o CDS deve ter a preocupação de encontrar os melhores candidatos às eleições legislativas em todos os distritos e não deve exportar candidatos de Lisboa para outros distritos”.
Teresa Caeiro também considera precoce avançar com nomes para o Parlamento. “Eu já encabecei listas ao longo dos últimos 20 anos e essa decisão cabe em última análise à presidente do partido. Se Assunção Cristas acha que eu jogo melhor num segundo lugar por Lisboa em vez de cabeça de lista por Leiria ou Faro, não tenho nada aquela teoria de que as pessoas a partir de um certo momento tenham de estar sempre em cabeça de lista”, revela, acrescentando que ainda não pensou “um segundo sobre essa matéria”.
“Agora é tempo de preparar o programa e de encontrar as melhores soluções e não é tempo de estar sequer a discutir lugares ou quem é que deve ser ou não candidato a deputado”, conclui Pestana Bastos.