O campeonato grego de futebol está suspenso por tempo indeterminado. A decisão do governo helénico foi tomada depois de o presidente do PAOK de Salónica ter invadido o campo, armado, para ameaçar o árbitro da partida por ter anulado um golo da sua equipa ao AEK de Atenas.
A polícia da Grécia revelou entretanto que emitiu um mandado de detenção para Ivan Savvidis, empresário greco- -russo, próximo de Vladimir Putin, presidente da Rússia. Ivan Ignatyevitch Savvidis, 69 anos, tem dupla nacionalidade grega e russa porque nasceu em Santa, na antiga República Socialista Soviética da Geórgia.
Doutorado em Ciências Económicas, Savvidis é diretor-geral da Donskoy Tabak e administrador do Agrokom Group, com interesses na indústria do tabaco, alimentação e distribuição. Ivan Savvidis é ainda gestor de empresas de pesca, carne, hotelaria e comunicação. Em Salónica, segunda maior cidade grega, é dono do porto.
Em 2012 tornou-se presidente e principal acionista do PAOK, depois da mesma experiência no FC Rostov, clube da primeira liga da Rússia, país onde se tornou um dos empresários mais importantes (e ricos) do regime tutelado por Vladimir Putin.
Filantropo, apoia a Federação Internacional de Xadrez e a Federação Russa de Bilhar, bem como o restauro de santuários ortodoxos e outros projetos culturais, educativos, científicos ou de investigação através da fundação que tem o seu nome. Chegou a ser membro da Duma, a câmara baixa do parlamento russo, e por ter servido no exército tem a patente de sargento-mor.
Tem também licença de porte de arma na Grécia, que justificou também ontem por ter entrado em campo com a pistola à cintura. “Ivan não ameaçou ninguém com uma pistola. Ele carrega uma arma porque tem permissão para fazê-lo. Não é proibido na Grécia”, salientou a assessoria de imprensa do proprietário do clube ao diário “Russia Sport Express”.
As imagens da transmissão da partida mostraram, diversas vezes, o dirigente a levar a mão à cintura até se verificar que tinha uma arma e chegar a ameaçar o árbitro Giorgos Kominos, que havia anulado um golo da sua equipa.
Foi quase no final da partida que o central do PAOK Fernando Varela marcou o único golo da partida, mas depois de conversar com os seus assistentes, Giorgos Kominos anulou o golo devido a um fora-de-jogo. Os adeptos do clube de Salónica protestaram e o seu presidente entrou em campo ladeado por vários seguranças, que tentavam impedir que Savvidis se aproximasse do árbitro.
Ao mesmo tempo, os jogadores do AEK fugiram para os balneários, tal como a restante equipa de arbitragem, que no seu relatório do jogo terá escrito que o diretor técnico do PAOK, Lubos Michel, disse ao juiz da partida que ele “estava acabado”.
Interrompido e retomado O encontro no Estádio Toumba foi imediatamente interrompido mas, horas depois da confusão, Giorgos Kominos alterou a decisão e validou o golo do clube de Savvidis.
Só que nessa altura foram os jogadores da equipa de Atenas que recusaram voltar a campo, alegando temer pela sua segurança. A vitória, ainda não oficializada, levaria o PAOK ao segundo lugar do campeonato grego, com 52 pontos, a dois do AEK. Mas, entretanto, a competição foi interrompida.
“Decidimos suspender o campeonato”, anunciou ontem o secretário de Estado do Desporto no fim de uma reunião com o primeiro-ministro Alexis Tsipras. Giorgos Vasiliadis acrescentou que o campeonato não será retomado enquanto não foram definidas novas regras que sejam aceites por todos. Já o ministro do Interior grego, Panos Skourletis, citado pela agência Atenas News, afirmou: “Não é necessário falar, temos de tomar medidas duras. As cenas que vimos causam danos ao futebol grego.”
Invasão de televisão Horas antes, a federação grega de futebol tinha recuado no castigo imposto ao PAOK, na sequência do cancelamento da partida de 25 de fevereiro contra o Olympiacos, depois de vários incidentes. Os três pontos retirados ao clube de Salónica serão devolvidos e o castigo de dois jogos à porta fechada foi retirado.
Depois da partida e na sequência do castigo, quatro dezenas de adeptos do PAOK Salónica invadiram as instalações de uma estação de televisão pública grega, forçando um apresentador do canal a ler, durante cinco minutos, a mensagem que traziam. Os adeptos invadiram os estúdios da ERT 3 durante uma emissão em direto, em protesto contra o que consideram ser o “maior escândalo desportivo de todos os tempos”.