‘Não me senti confortável a ser fotografado todo nu com a Kate Moss’

Era o sonho que acarretava desde a infância: ser jogador de futebol. Como o Sabri.O destino fintou-o: não conseguiu vingar nos relvados mas arrasa nas passerelles. Aos 32 anos, Fernando Cabral é o único português a figurar na lista de 50 melhores modelos do mundo do site Models.com, a grande referência do meio, onde se…

Na bagagem da carreira arruma marcas como a Balmain, Hugo Boss, Givenchy, Hermés, Louis Vuitton, entre outras, e é agora uma das caras da nova campanha mundial para a Tom Ford. Conversámos num dos dias de fevereiro que roçaram a primavera, na sua agência-mãe, a Karacter, em Lisboa. No dia anterior, tinha vindo de Milão, para onde voltou logo no dia seguinte à entrevista. A lufa-lufa de quem já se habituou a ter o mundo inteiro como escritório não faz com que a pontualidade deixe de ser um requisito que tenta cumprir, e que justifica esta inconfidência: faltavam dez minutos para a hora da entrevista quando Fernando Cabral passou por nós na Baixa, literalmente a correr. Uma forma de estar que faz questão de levar consigo para onde quer que vá: «Não é muito agradável deixar uma pessoa à espera», justifica a sorrir quando lhe contamos que passou por nós. Uma conversa longa, onde recordou os tempos em que veio morar para Lisboa vindo da Guiné-Bissau, aos seis anos; a altura em que só queria jogar à bola, a relação com o irmão, o também modelo e empresário Armando Cabral e a sua «referência»; até ao racismo, que «magoa», mas ao qual aprendeu a fazer orelhas moucas. 

A pontualidade é uma característica que nasceu consigo ou foi adquirindo?

Confesso que fui adquirindo. Na moda temos que aprender a ser pontuais, a respeitar o tempo. Então foi uma coisa que foi crescendo em mim e sempre que estou atrasado fico um bocadinho chateado (risos). Vinha aborrecido, apanhei um acidente. 

É agenciado em dez cidades, desde Nova Iorque a Estocolmo. 

É curioso, estava falar disso antes desta entrevista: já não me lembro das cidades em que estou agenciado (risos). 

Tinha quantos anos quando foi descoberto na moda?

Tinha 23 anos quando entrei neste mundo e foi tudo um acaso. Depois do 12.º ano entrei para Relações Internacionais, na Lusíada, onde fiquei só até ao segundo ano, por causa do boom da moda. O meu irmão veio para cá fazer a ModaLisboa. Ele tinha estado em Londres a estudar gestão, o nosso pai, que foi funcionário público na Guiné, e a família toda fizeram um esforço para isso, tentaram que a nossa educação fosse primordial. Lembro-me muito bem do esforço que foi mandar o meu irmão estudar para Londres, claro que ele foi também trabalhando lá e tornou-se modelo. Isto para dizer que o fui ver desfilar na ModaLisboa e, quando acabou o desfile, encontrámos dois criadores angolanos, Tekasala e Schunnoz, que tinham vindo cá fazer a sua apresentação pela primeira vez, estavam com o Kalaf e o Tequilla. Cruzámo-nos nos bastidores e perguntaram-me se era modelo, mas eu nunca tinha visto a moda como algo que pudesse fazer por culpa do futebol, queria ser jogador. Expliquei-lhes que tinha ido só acompanhar o meu irmão, eles disseram que o meu perfil se enquadrava no que eles procuravam e convidaram-me para desfilar. Isto foi em 2010 ou 2011. Pediram o meu contacto, o meu número de sapato. O meu irmão deu-me umas dicas, disse como tinha de andar. Mas se ele me tivesse dito para não experimentar eu não ia (risos). E por acaso correu bem, fui muito felicitado. Estava muito nervoso, nunca tinha feito nada igual, de cada vez que um modelo entrava e eu chegava mais próximo da linha da passerelle, ui! Mas consegui conter-me. 

Quando sente que foi o grande boom da sua carreira?

Creio que a campanha da Balmain impulsionou muito o tal boom, a tal pujança que esperava, mas isso já vinha um bocadinho mais detrás. Graças a Deus, e dou graças também às minhas agências e à minha agência mãe, aqui a Karacter. 

É agora o rosto da campanha Primavera-Verão da Tom Ford. Como é fotografar uma campanha mundial, é coisa para demorar quantos dias?

Foi em Los Angeles, foram dois dias de shooting, num cenário muito lindo e foi mais um sonho realizado. Tom Ford é um dos meus designers favoritos, se não o favorito, e não é por ter feito a campanha que digo isto, tenho testemunhas (risos). O Tom é genial, é mágico, já o admirava há muito.

Trabalha com os estilas mais conceituados do mundo. Compra muita roupa?

Não sou de comprar muita roupa, vou comprando aquilo de que vou precisando. E também vou tendo muitas ofertas de roupa, sapatos então já não compro há cinco ou seis anos por causa do meu irmão (risos). E compro roupa em lojas normais. Aliás, sou uma pessoa que gosta muito daquela simplicidade, não sou muito de exagerar, de ir por aí além. Claro que há coisinhas que mandam estar mais bem trajado, mas não sou de extravagâncias.

Essa é uma das características que apontam no seu perfil, o caráter humilde. Tenta não perder esta característica independentemente de quão alto já tenha voado?

Graças a Deus! Essa parte vou dedicá-la à minha família, porque foi a educação de berço que tive com os meus pais, e que ajudou muito para que não me perdesse neste mundo da moda que de certa forma acaba por te desafiar muito. Muda os teus hábitos, o teu modo de vida, até os amigos que te rodeiam. Tens que ter, digamos, uma força mental e uma educação muito bem estruturada para que tenhas sempre em mente de onde vieste e para onde vais, sem esquecer os pilares básicos. A minha família sempre me apoiou, nunca me deixaram perder a cabeça com tudo o que tem vindo a acontecer, porque às vezes é fácil. De um momento para o outro estás a viver uma realidade completamente diferente, sais daqui, vais para Nova Iorque, amanhã estás noutro sítio que se calhar nem tinhas a noção.

O mundo da moda era antes muito associado a excessos, a drogas. É dessa realidade de que fala quando diz que é fácil uma pessoa perder-se?

Infelizmente é uma coisa que nunca vai desaparecer por completo. Se calhar hoje em dia há mais controlo. Acabo por ter algum tipo de contacto com essas situações, e sei que essa realidade não é ficção, não é um conto de fadas. Já presenciei colegas que não foram trabalhar porque na noite anterior houve alguma coisa do género. E mesmo nas festas já assisti. Mas acho que também é transversal à sociedade, não é só neste meio. 

E quem não adota esses comportamentos é ostracizado?

Não, lá está, tudo vai depender do teu caráter e de seres ou não influenciável. Em todos os setores da sociedade há coisas boas e más e tu tens que saber diferenciar e fazer algo com que tu te identifiques e gostes, não o que as pessoas te impõe e que acham que é cool. Se calhar já tive oportunidade de poder experimentar e de andar por aí, mas escolhi outro caminho e nunca me senti, para ser muito sincero, oprimido ou posto de parte. 

A Vogue norte-americana proibiu recentemente álcool nas sessões fotográficas e que os modelos tivessem menos de 18 anos. Como vê este tipo de proibição?

Há uma certa negação da própria indústria em trabalhar arduamente nessa questão e noutros problemas e mudá-los. Por exemplo, já presenciei muitos casos de miúdos e miúdas que tu percebes que não estão em condições de ir fazer aquele trabalho, e começando logo pela alimentação. Não me deparo com isso em todos os trabalhos mas já aconteceu. Já fiz imensos desfiles em que quando estávamos no line up, houve modelos que desmaiaram porque não tinham comido. Somos muito pressionados, sobretudo as raparigas, em termos da sua linha e isso faz com que elas adotem comportamentos de anorexia. E isso é uma doença.

E as tais situações de assédio e as proibições nas sessões, acha que isto é um exagero ou que faz sentido?

Faz sentido. Há muito tempo que a moda devia adotar este tipo de decisões, porque se não nunca mais dá para parar, será uma coisa que cria um domínio incontrolável noutros campos. É preciso a moda ter mão de ferro nestas situações porque é incompreensível que haja tanto assédio e tantos abusos que já aconteceram. Deve punir-se as pessoas que o fizeram para que isso sirva de exemplo e que a nova geração de fotógrafos, modelos e todo o staff da moda saiba que têm de cumprir regras. Por isso, sim, é preciso punir as pessoas, fazer uma consciencialização e fazê-las perceber que têm que fazer o que é certo. Nós, os modelos, somos tratados às vezes de uma forma não muito amigável.

Mas por quem? Pelos fotógrafos, pelos designers, pela indústria?

Se calhar pela indústria, porque o modelo é visto como um material ou um utensílio de trabalho, Às vezes não há uma grande preocupação com a pessoa, porque se houvesse, se calhar tantos casos, como os da alimentação das miúdas, não iam acontecer. Há um bocadinho uma falta de cuidado com o ser humano.

No início fazia-lhe confusão esse tratamento ou rapidamente se habituou e percebeu que não era nada pessoal contra si?

Sim, foi mesmo isso, percebi rapidamente que era assim. Claro que quando se entra no meio leva tempo para que consigamos perceber, mas mentalizei-me rápido de que não era nada contra mim, era só feito assim, não sei quando é começou, mas é assim.

Qual foi o trabalho mais difícil para si?

(pausa) Por acaso até foi um trabalho que me deu imenso gozo e orgulho: fotografar com a Kate Moss. Mas estava completamente nu na sessão fotográfica e não me estava a sentir confortável com isso. Na altura também estava a dar os primeiros passos, já tinha feito algumas coisas mas não tão grandes como esta, e foi a minha primeira sessão fotográfica, digamos, mais anormal. Nu, ao lado da Kate Moss… (risos) Fiquei envergonhado, é que estava completamente nu!

Quando começaram a trabalhar isso desapareceu?

Exatamente. E depois a equipa e a própria Kate puseram-me à vontade. Mais uma vez pude aprender que devemos ser sempre humildes, e ela foi muito amigável e compreensiva, foi falando comigo porque percebeu que estava muito nervoso.

Qual foi a pessoa que mais o surpreendeu neste meio?

Não sei se posso falar o meu irmão… Antes de entrar na moda também não tinha noção da pessoa que ele é neste meio, e do respeito que conquistou perto de todos. Pouco a pouco fui-me apercebendo disso, fui apanhando algumas coisas aqui e acolá, e surpreendeu-me muito. Ele não mudou um milésimo, continua a ser a mesma pessoa, o mesmo bro, como lhe chamo. É por isso que digo que ele será sempre a minha referência, é o meu pilar principal, quem me faz olhar para a frente e me diz que eu posso conseguir. Viemos de uma família normal e humilde, e ele conseguiu conquistar tudo com esforço. É o meu modelo. 

E acha que ele pode dizer o mesmo de si?

Acho que sim! Nessa parte somos muito parecidos, tivemos uma educação como já disse muito direcionada ao respeito e ao amor ao próximo, então digamos que é uma das maiores heranças que temos.

Vamos então falar dessas heranças. Nasceu na Guiné, os seus pais já cá estavam os dois quando veio morar para Lisboa?

Só o meu pai e o meu irmão, a mãe ainda estava em Bissau, e depois vim com ela, tinha seis anos. Fomos morar para a Amadora. Depois veio resto da família.

E como foi para os seus pais deixarem para trás as suas raízes, sentiu que foi doloroso para eles ou houve uma necessidade de recomeço e uma certa alegria nisso?

Acho que procuraram sempre dar a melhor educação para os filhos, por isso vieram para cá. Sou eu e o meu irmão mais cinco raparigas, era uma casa cheia, hoje já não, estamos quase todos fora, cada um tem a sua casa. Mas a casa do pai da Amadora continua a ser a nossa casa de família. Nas férias de verão vem sempre toda a gente e aproveitamos para matar as saudades.

Presumo então que andou na escola na Amadora. Era um aluno reguila, estudioso?

Sou muito brincalhão e já era nessa altura. Não levava muito à séria certas situações, não tinha a noção da importância, embora os meus pais em casa me fizessem ver que eu tinha que estar concentrado nas aulas. Mas depois chegava e estava rodeado de colegas e amigos e a brincadeira… Mas era bom aluno. Comecei a perceber depois, muito mais para a frente, essa importância. 

O seu irmão já disse que uma das coisas de que se lembra muito desses tempos é de jogarem os dois basquetebol lá, essa também a sua memória mais antiga? O que achava que vinha encontrar cá?

Sinceramente, não tinha noção. Foi reaprender a viver tudo de uma forma diferente. Sempre fui muito próximo do meu irmão e quando vim andava muito com ele de um lado para o outro, e ele sempre gostou muito de basket mas também de futebol. O futebol foi sempre o que mais gostei e já tive oportunidade de jogar em clubes, infelizmente não correu bem (risos). Treinei no Palmense, nas Laranjeiras, para ver se ficava e tudo mais, depois não aconteceu. Fui ao Belenenses tentar a captação e não deu certo, então fui ao Benfica mas já para o futsal, e também não funcionou.

Então tentou mesmo a sério!

Tentei! Era a minha grande paixão. Queria ser jogador de futebol. Desde que me conheço que sou do Benfica, e havia um jogador de futebol de que o meu irmão gostava muito, o Sabri, e ele dizia que eu tinha que ser como ele (risos). Então empurrava-me muito para isso. 

Era daqueles miúdos que faltava às aulas para jogar à bola?

Aconteceu, sim (risos). Como disse a bola era mesmo o meu foco, eu jogava de manhã à noite, e o Benfica era a minha paixão. Ia aos estádios com amigos também, mas isso mais crescido. Mas aproveitei bem a minha infância. Corria muito de um lado para o outro, estava com os amigos. Ainda tenho amigos desse tempo, todos têm as suas vidas completamente opostas agora, uns também a trabalhar fora do país.

Como eles veem o seu percurso?

Gozam-me (risos). Mas sempre tivemos essa relação, de brincarmos muito uns com os outros, mas é giro poder olhar para trás e ver quem nos tornámos. Estamos todos felizes e bem. E quando nos encontramos é só palhaçada.

Viviam muito a cultura guineense em casa?

As raízes nunca foram embora. Sempre vivemos a cultura africana. Desde logo pela língua, a língua oficial é o português mas nós temos o crioulo que os pais falavam e eu próprio falo em casa até hoje. Depois havia a comida, pratos bem calorosos, como caldo de mancarra, agora para explicar… Não vou saber o que leva, sou muito mau na cozinha (risos). E a forma como a mãe ou o pai se vestiam para uma ou outra ocasião, normalmente era mais a mãe. Isto nunca foi embora. Até na televisão víamos notícias para nos irmos inteirando do que se passava por lá. O meu pai é muito católico, vai à missa todos os domingos, dantes obrigava-nos a ir também, e quem não fosse inventava sempre um castigo para nós. Sempre nos disse que Deus existe e que devemos ser bondosos e tem uma frase que diz muitas vezes: ‘Coração bom é a moral de Cristo’. Hoje vou à missa de vez em quando, mas sou muito crente, acredito que há realmente uma força superior a nós e que se nós acreditarmos e pusermos a nossa fé as coisas correm bem.

Sempre gostou dessas raízes?

A nossa cultura guineense tem uma história muito bonita, tirando algumas situações porque nada é perfeito, que eu acho que ninguém se pode tirar dela. É uma cultura da qual tu não te sentes nada envergonhado. Nunca senti necessidade de esconder as nossas tradições, nunca passei por essa situação.

Como descreve a inserção da sua família em Portugal, sentiram-se bem acolhidos?

Tocando na questão da integração e de tudo mais, houve setores em que se calhar a tua aceitação leva mais tempo mas depois isso acabou por acontecer. Não foi de uma forma 100% fácil, nem teria agora aqui tempo para lembrar situações de aqui e acolá, mas há sempre coisas que acontecem no início de qualquer processo de emigração. Não me passou completamente ao lado esse processo, senti a dificuldade de alguma forma e vi algumas situações. É uma coisa que creio que até nos dias de hoje continuar a acontecer a qualquer pessoa que sai de África ou de um outro país e que venha para aqui, vai sentir um bocadinho a mesma coisa.

Está a falar de racismo, portanto. Mas fala de quê, ouvir bocas na rua?

Sim, senti uma certa indiferença, pela cor da pele, pela cultura, não sei. As bocas são uma situação que se calhar foi mais frequente do que propriamente sentir aquilo de uma forma mais física.

Continua a deparar-se com essa situação quando vem a Lisboa?

Infelizmente, sei que ainda há. Talvez já não tanto porque já sei quem são os meus amigos e já consigo lidar muito bem com as pessoas que considero que me aceitam como eu sou, desde a minha forma de falar à minha forma de viver. Por isso não sinto como sentia, e hoje em dia não passo muito cartão a isso, porque rapidamente também acabei por perceber que essas pessoas que têm esses comportamentos não são esclarecidas. Tenho coisas muito importantes de que me orgulhar, que me dão uma autoestima boa. Sei que sou uma pessoa capaz e bem-sucedida, por isso recuso-me até em aceitar que esse tipo de coisas penetrem em mim e me deitem abaixo.

E dá resposta?

Por norma não, mas há casos extremos em que me sinto na obrigação de falar. Tenho a certeza de que já dei resposta. Mas é um lado que ainda existe, essas situações são evidentes na sociedade. Já fui vítima de racismo em Lisboa, claro, e quero minimizar esta afirmação no sentido de não mencionar situações, mas já não levo isto a peito, deixo passar. 

Em 2012 houve uma polémica consigo. numa altura em que já tinha feito até a campanha da Hugo Boss. Nos media apareceram artigos a questionar se haveria racismo na moda a criticar o facto de nem ter chegado aos nomeados para melhor modelo. Como viu esta situação na altura e como a vê agora?

Infelizmente creio que não é só em Portugal que ainda vai existindo racismo na moda, mas falando de cá, há algumas vozes e mentes que têm uma opinião contrária relativamente a modelos negros. Mas, lá está, mais uma vez deixo isso para as pessoas que estão mais diretamente ligadas e sabem mais analisar essa situação. Quando aconteceu essa não nomeação nem fui eu que levantei a questão do racismo, houve pessoas se calhar que se aperceberam de que algo de estranho se passava e que não se entendia o porquê. 

Ou seja, põe-se à parte e continua a fazer o seu caminho.

É isso mesmo! Percebi que é o que importa e que me vai tornar mais feliz. Por isso deixei essa questão cair um bocadinho para o lado.

Entretanto, desde essa altura, já houve reconhecimento em Portugal, por exemplo a GQ já o nomeou ‘Man Of The Year’.

Quando fazes o teu trabalho com amor e dedicação, por muito que o tentem ocultar, acaba sempre por entrar nos olhos das pessoas, e a prova disso é tudo o que tem acontecido. Esse prémio que ganhei há dois anos deixou-me muito orgulhoso. Mas foi importante ser reconhecido em Portugal, senti um orgulho imenso.

E esse reconhecimento já há muito que o tinha lá fora: é considerado desde 2013 como um dos 50 melhores modelos do mundo.

Sim! Mas é a mesma lógica: preocupo-me seriamente com o meu trabalho, vou agradecendo a Deus, à minha família. Se o prémio vier é bem-vindo, é claro, fico lisonjeado e agradecido. 

Em abril vamos ter aqui conferência da Luxury do grupo Condé Nast, Lisboa foi escolhida pela Suzy Menkes e uma das razões que ela aponta é a relação com África. No meio da moda lá fora nota-se este zunzum em relação a Portugal?

Já, e tem sido crescente. Acho que Lisboa tem crescido imenso nos últimos anos. Sempre que digo a alguém que sou de Portugal, ou me dizem que já cá estiveram ou que estão a vir. Falam muito bem da comida e das praias, do bom tempo. Lisboa tem subido muito no mapa internacional.

Tem 32 anos. Durante quanto mais tempo pensa ser modelo?

Para os homens a moda é um bocadinho mais duradoura, permite-nos sonhar mais além. Vejo-me ainda neste caminho mais algum tempo, não sei o dia de amanhã. Mas brevemente também vou ser um empresário, não no ramo da moda, um projeto que não será em Lisboa.