O lançamento do concurso para a construção do troço entre Évora e Elvas, numa extensão de quase 100 km, e o começo dos trabalhos do troço Elvas-Caia – mais 11 km e que fará ligação entre Évora-Badajoz – fazem parte do projeto de linha de alta velocidade entre Lisboa (Poceirão) e Madrid. A garantia foi dada ao SOL pelo porta-voz da Comissão Europeia para a pasta de transportes, Enrico Brivio, e vai ao encontro do que foi revelado na última edição do SOL.
A obra de construção da nova linha deverá iniciar-se até março de 2019 e a conclusão está prevista para o primeiro trimestre de 2022, num custo de 509 milhões de euros (quase metade provenientes de fundos europeus) e já é considerada pelo ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, como «a maior obra ferroviária dos últimos 100 anos em Portugal».
De acordo com os dados do executivo comunitário, a modernização do troço Évora-Caia, com um custo estimado de 388 milhões de euros, recebe uma comparticipação da União Europeia de 56% (184 milhões de euros).
Durante o lançamento deste concurso, a comissária europeia para os Transportes, Violeta Bulc – que esteve presente no evento –, considerou que esta é uma ligação ferroviária muito importante para todos os Estados-membros e também «muito importante para o corredor Atlântico».
A construção e modernização dos troços do corredor internacional sul será concretizada com a utilização de travessa polivalente e bitola ibérica. « A utilização da travessa polivalente permitirá a eventual migração para a bitola europeia caso assim seja entendido no futuro», revelou, na semana passada, ao SOL o Ministério de Pedro Marques, lembrando ainda que «quer ao nível técnico, quer ao nível político, Portugal e Espanha têm concordado em avançar de forma coordenada na modernização da respetivas redes ferroviárias, nomeadamente no que respeita à questão das bitolas e da utilização da travessa polivalente».
Porta aberta para passageiros
O porta-voz da Comissão Europeia admitiu ainda que esta ligação, apesar de ser lançada inicialmente para transporte de mercados, poderá ser usada também para transportes de passageiros. «As ligações ferroviárias devem ser utilizadas com a maior eficiência possível». Mas deixa uma questão: «O uso para comboios de mercadorias e de passageiros depende das capacidades efetivas disponíveis e dos serviços operados». Enrico Brivio lembrou ainda que as linhas ferroviárias «são limpas, seguras e potencialmente eficientes na movimentação de pessoas e bens numa longa distância. No entanto, devido à concorrência dos outros meios de transporte, só podem competir através de tempos de viagem mais curtos».
A verdade é que o ministro Pedro Marques já garantiu que a ligação está a ser feita, sobretudo, com uma orientação estratégica para reforço do transporte de mercadorias. Mas, em entrevista ao Público, considerou «natural» que passem comboios de passageiros, uma vez que, no seu entender «não fica ocupada o dia inteiro».
Segunda ligação de alta velocidade
O porta-voz da Comissão Europeia esclareceu ainda ao SOL que está previsto um segundo projeto de alta velocidade entre Portugal e Espanha, com a ligação entre Guarda e Salamanca, cidade espanhola onde já existe um posto aduaneiro interior. Para isso, foi adjudicada a obra de modernização do troço ferroviário Covilhã-Guarda, da Linha da Beira Baixa, por 52 milhões de euros.
Esta ligação deverá estar concluída em 2019 e, no momento do seu lançamento, Pedro Marques considerou que a intervenção é «uma obra importante para as Beiras como um todo», uma vez que «potencia o desenvolvimento desta sub-região de uma forma muito importante» e «permitirá porventura que se constitua como uma zona de desenvolvimento logístico importante também».
Este projeto, segundo o mesmo porta-voz, irá receber uma comparticipação global da União Europeia de 121 milhões de euros.
No passado sábado, depois de o SOLter noticiado que o Governo de António Costa está a avançar com o projeto de ligação de Lisboa a Madrid na bitola ibérica de alta velocidade (para mercadorias, mas tambhém passageiros), o Ministério de Pedro Marques emitiu uma ‘nota de esclarecimento’ em que negou a existência deste projeto de alta velocidade.