Comércio. Excedente da UE em relação aos EUA aumenta em janeiro

Dados do Eurostat revelam que europeus exportaram para os EUA mais do que importaram. Discussão sobre barreiras alfandegárias aumenta

Os mais recentes dados sobre o comércio internacional da União Europeia (UE), divulgados ontem pelo Eurostat, poderão agitar ainda mais as águas no que diz respeito à guerra comercial com os norte-americanos. O excedente orçamental da UE em relação aos EUA, o seu maior parceiro comercial, aumentou em janeiro e o presidente norte-americano, que tem chamado a atenção para este dado, decidiu impor tarifas de 25% às importações de aço e de 10% às de alumínio, que deverão entregar em vigor na sexta-feira, com o objetivo, entre outros, de diminuir a diferença.

A UE já ameaçou responder com um aumento das taxas sobre o whiskey (bourbon), os jeans Levi’s ou motas Harley-Davidson, com o objetivo de enviar mensagem à administração Trump sobre o potencial impacto negativo da imposição de tarifas, podendo colocar uma taxa alfandegária de 25%, tendo como alvo um total de 2,8 mil milhões de euros. 

Segundo os dados do Eurostat de ontem, a UE teve em janeiro de 2018 um excedente comercial de 10,3 mil milhões de euros em relação aos EUA, valor que compara com os 9,7 mil milhões de janeiro de 2017. No total, as exportações de bens europeus ascendeu aos 31,7 mil milhões de euros (mais 5,3% que no ano anterior) e as importações chegaram aos 21,4 mil milhões de euros (mais 4,9% que em janeiro de 2017.

A China – principal alvo das barreiras alfandegárias norte-americanas – é o segundo maior parceiro comercial dos europeus, mas neste caso a UE teve em janeiro de 2018 défice de 20,5 mil milhões de euros, mais 1,1 mil milhões que em janeiro do ano passado.

De acordo com o organismo oficial de estatísticas da UE, entre os 28 Estados-membros, o défice do comércio internacional de bens agravou-se, em janeiro, para 20,3 mil milhões de euros, face ao de 17,4 mil milhões de euros homólogos.

As exportações da UE saldaram-se em 150,5 mil milhões de euros (mais 6,5% do que os 141,3 mil milhões de euros do mês homólogo) e as importações chegaram aos 170,8 mil milhões (uma subida de 7,6% face aos 158,7 mil milhões de euros de janeiro de 2017.

Segundo o Eurostat, na zona euro, em janeiro, houve um excedente de 3,3 mil milhões de euros no comércio internacional de bens, contra o défice de 1,4 mil milhões no mesmo mês de 2017.

Os EUA poderão renunciar a aplicar tarifas à importação de aço e de alumínio da UE – se os europeus abdicarem de barreiras à entrada de produtos norte-americanos – uma vez que as tarifas estão a ser cobradas ao abrigo de uma disposição da lei de comércio dos EUA que se aplica à segurança nacional (os europeus são aliados), concentrando as tarifas na China.

Penalização 

Mas estas são também contestadas dentro dos EUA e 45 associações comerciais, que representam algumas das principais empresas do país, pedem a Donald Trump que não imponha tarifas à China, apontando que estas poderão ser “particularmente penalizadoras”para a economia e consumidores norte-americanos.

“Instamos a administração a não impor tarifas e a trabalhar com a comunidade empresarial para encontrar um solução efetiva, mas equilibrada, para os problemas das políticas protecionistas chinesas, que proteja os empregos e a competitividade dos EUA”, lê-se na carta, subscrita entre, outras pela Câmara de Comércio dos EUA, Federação Nacional de Retalho e Conselho da Indústria de Tecnologia de Informação.

Este grupo defende que, apesar da sua preocupação com as políticas comerciais chinesas – em especial os subsídios à exportação de aço e de alumínio -, a imposição de tarifas só irá afastar os EUA dos seus aliados.