As negociações entre o Ministério do Ambiente e a proprietária do terreno onde se pretendia colocar as 16 mil toneladas de sedimentos que estão no fundo do Rio Tejo, junto a Vila Velha de Ródão, terão acabado sem qualquer consenso.
O ministério liderado por João Matos Fernandes pretendia obter a autorização da proprietária para a operação, comprometendo-se ao pagamento de uma indemnização que rondava os 37 mil euros, mas a proposta não foi aceite.
Segundo foi ontem noticiado pelo “CM”, a proprietária fez uma contraproposta, pedindo não só uma indemnização de 60 mil euros como ainda a arborização de cinco hectares do terreno com sobreiros. Após esta posição, que aconteceu a meio da semana passada, o valor proposto pela proprietária ainda baixou para 50 mil euros, mas nem assim foi aceite pela tutela, que aliás fechou em 42 mil euros de indemnização.
O assunto tem merecido ainda mais atenção, uma vez que estará numa zona protegida. Ao “Expresso” Rui Berkemeier, da Zero, alertou mesmo para o facto de a operação acarretar “riscos ambientais, já que o terreno está em zona de leito de cheia e qualquer problema, como chuvas torrenciais, pode levar a poluição do meio hídrico”.
Ainda assim, o ministério deixou claro desde o início que o objetivo é que se trate de um depósito temporário das lamas.
Reação da proprietária
Ao mesmo semanário, Raquel Lopes, uma das proprietária do terreno que o ministério pretendia utilizar, disse temer a expropriação dos terrenos e lamentar que “o Ministério do Ambiente insista em corromper ainda mais a área protegida, com o aplauso do autarca de Vila Velha”.
A operação de remoção das lamas será adjudicada através de um concurso público, prevendo-se que o valor ronde os 1,5 milhões de euros, com recurso ao fundo ambiental.
O valor poderá vir a ser cobrada ao poluidor, mas para isso é preciso que as investigações que estão em curso sejam terminadas.
Quanto às críticas que a operação tem merecido, a tutela já reagiu dizendo que foram analisados outros locais para o depósito das lamas, mas que as condições impossibilitavam uma intervenção no prazo necessário.
Segundo o “Expresso”, entre as hipóteses chegou a estar mesmo um terreno da Celtejo, mas foi descartada por dois motivos: “encarecia a operação” , como estava próximo da entrada da vila, poderia “incomodar a população com os maus odores”.