Egito e Holanda. Foram estes os adversários escolhidos por Portugal para o último duplo teste antes da divulgação da lista final dos convocados para o Mundial da Rússia. Aquando do anúncio da convocatória para os amigáveis, Fernando Santos explicou que a escolha dos adversários se deveu às semelhanças entre estas equipas e as que a Seleção Nacional irá enfrentar na Rússia.
A ideia é percetível e corresponde à verdade. De facto, a seleção egípcia tem processos de jogo bastante idênticos à de Marrocos, segundo adversário de Portugal no Mundial, e até mesmo à do Irão de Carlos Queiroz (terceiro), enquanto a Holanda se pode assemelhar em certos aspetos à seleção de Espanha, com quem Portugal se estreará na prova, a 15 de junho.
Tendo em conta esta planificação da Federação Portuguesa – que, dentro da mesma lógica, tem ainda agendados mais três particulares com duas seleções magrebinas (Tunísia, a 28 de maio) e Argélia (7 de junho) e uma europeia (Bélgica, a 2 de junho) antes do Mundial –, apresentamos-lhe aqui a agenda de Espanha, Marrocos e Irão para esta data FIFA, no sentido de perceber se a linha de pensamento destas federações foi semelhante à portuguesa.
Espanha sem medos Comecemos por Espanha, uma das grandes candidatas à vitória final. A Roja apontou alto: terá como adversários a Alemanha, campeã mundial em título, e a Argentina, vice-campeã e outra das eternas favoritas. Neste caso, o pensamento que norteou a decisão dos espanhóis foi mais ambicioso: a equipa técnica liderada por Julen Lopetegui, ex-treinador do FC Porto, acredita que poderá encontrar algum destes adversários – ou até ambos – numa fase mais adiantada do Campeonato do Mundo. Assim, os espanhóis pretendem conhecer mais a fundo dois possíveis opositores e, na mesma medida, perceber em que ponto está a sua própria equipa e quais os ajustes necessários até chegar o Mundial, como explicou Lopetegui: “Nunca existem verdadeiramente jogos amigáveis, e muito menos contra seleções como Alemanha e Argentina, os vigentes campeão e vice-campeão do mundo. Serão dois jogos tão exigentes como motivantes, e o nível dos rivais é interessante para ver a nossa resposta.” Antes da prova, Espanha ainda fará mais dois particulares: com a Suíça, a 3 de junho, e com a Tunísia, a 9 do mesmo mês.
Por estes dias, o tema mais falado na seleção espanhola é Morata – no caso, a sua ausência nesta convocatória. O avançado tem sido pouco utilizado no Chelsea, também devido a recorrentes problemas físicos, tendo marcado no último domingo o seu primeiro golo em… três meses. Ainda assim, o selecionador espanhol não fecha as portas à presença do jogador na Rússia, embora lhe deixe um alerta. “O Morata tem muitas possibilidades de ir ao Mundial, e ele sabe disso. Nestes meses tem de demonstrar o jogador que é. O Mundial ainda não é amanhã, há jogadores que não estão nesta lista e têm as possibilidades de ir intactas. O facto de não terem vindo desta vez prende-se com momentos de forma, lesões e também para ver jogadores novos e recolher mais informações”, explicou Lopetegui, completando: “O Morata tem estado praticamente sempre connosco. Agora teve uma série de problemas físicos e não está a jogar muito, mas não deixa de estar no nosso pensamento. De certeza que fará um final de temporada extraordinário.”
Convulsões para todos os gostos Marrocos, por seu lado, irá defrontar a Sérvia, já amanhã, e o Uzbequistão, na próxima segunda-feira. Não houve uma “explicação” oficial para a escolha dos adversários, mas tudo indica que a ideia seja a mesma da federação portuguesa: a Sérvia, no entender da federação magrebina, assemelhar-se-á mais a Portugal e Espanha, enquanto o Uzbequistão tem um futebol semelhante ao do Irão.
A preparação destes encontros, porém, tem sido afetada por dois assuntos à margem: a candidatura marroquina à organização do Mundial 2026 e uma polémica entrevista de Moutouali, médio internacional que acusou o selecionador Hervé Renard de só convocar jogadores de empresários específicos e ainda de aceitar subornos para fazer as suas escolhas. O técnico já prometeu agir pela via judicial, tendo entretanto o jogador, que atua no Catar, afirmado que as suas declarações foram mal interpretadas pelo jornalista em questão.
À partida para a Suíça, onde os encontros de Portugal terão lugar, Hassan, avançado egípcio do Braga, deixou um aviso a Cristiano Ronaldo e companhia. “Jogámos contra Marrocos na última Taça das Nações Africanas. Tem boa seleção, bom treinador e jogadores. O jogo de Portugal não vai ser nada fácil, como os outros jogos. Marrocos tem uma seleção forte, mas Portugal também tem uma equipa muito forte.”
Falta ainda falar do Irão, que decidiu realizar não dois, mas três jogos de preparação. O primeiro, no passado sábado, terminou com uma vitória folgada: 4-0 sobre a Serra Leoa. O encontro acabou por gerar alguma polémica entre os jornalistas iranianos e Carlos Queiroz, que reagiu com desagrado aos comentários a menorizar a vitória por, alegadamente, a seleção africana se ter apresentado com um conjunto de segundas linhas. “Fizemos um bom jogo e não me interessa o que digam. Fazem-no com o objetivo de sabotar o meu trabalho”, disparou o técnico português, que está novamente debaixo de fogo no país por ainda não ter aceite a proposta de renovação do contrato.
O Irão irá defrontar duas equipas do Magrebe nesta data FIFA: a Tunísia, amanhã, e a Argélia na segunda-feira – ambas muito semelhantes ao Egito. Já a experiência com uma equipa europeia ficará apenas para dia 28 de maio, quando enfrentar a Turquia.