O presidente da Caixa Geral de Depósitos garantiu que o plano do banco é ambicioso: caso contrário, “teríamos uma Caixinha”, afirmou ontem aos deputados na Comissão de Orçamento e Finanças. O responsável disse ainda que a liderança do banco público depende “muito menos de balcões do que da digitalização”, mas deixou um alerta: isso não depende apenas da sua administração, já que um cenário de fusões entre outros bancos pode pôr em causa esse objetivo. “O que o plano estratégico [até 2010] prevê é a Caixa reduzir a sua atividade no exterior e manter a sua liderança internamente. A liderança da Caixa depende em grande parte de si, mas também dos outros. Se o Santander continuar a adquirir banco após banco, a CGD perderá a sua liderança”, afirmou.
E os riscos não ficam por aqui. Também as eventuais “loucuras de preços” praticadas por outros bancos poderão comprometer a liderança atual da CGD em muitos segmentos de mercado, nomeadamente no crédito.
Já em relação ao plano de reestruturação em curso na instituição, o responsável defende uma banca alinhada com o que as pessoas querem e não uma banca com uma estrutura grande. E apontou os números: está prevista uma redução de 170 agências e de 2200 pessoas, bem como um corte de 100 milhões de euros nos custos. Ainda assim, lembrou que a redução entre 2010 e 2017 de 21% no número de colaboradores e de agências é inferior à realizada por outros bancos
Ao mesmo tempo está prevista a redução das operações no exterior, depois de terem fechado as sucursais de Londres, ilhas Caimão, Macau Offshore e Zhuhai (na China) no ano passado. No entanto, Paulo Macedo garantiu que a sua administração irá “lutar” para manter a operação do banco público em França.
“Será do interesse da Caixa lutar para que França possa fazer parte das nossas operações”, disse hoje Paulo Macedo, na comissão parlamentar de Orçamento e Finanças, quando questionado pelo Bloco de Esquerda sobre a intenção, que chegou a ser noticiada, de o banco sair de França, onde há uma importante comunidade de portugueses e lusodescendentes.
Comissões
Quanto à polémica sobre fins de isenções e subida de comissões na CGD, Macedo voltou a afirmar que o banco precisa de “aumentar proveitos e reduzir custos” para melhorar a sua rentabilidade, sob pena de ter de pedir mais dinheiro ao Estado. De acordo com as contas do presidente do banco público, desde 2000 até 2017, a CGD precisou de cinco mil milhões de euros de dinheiro do Estado, entre os dividendos que a CGD pagou e o dinheiro que o Estado injetou na CGD para a recapitalizar nestes 17 anos. “Não era viável manter a Caixa com o track record que tem de prejuízo para contribuintes”, afirmou.
Apesar disso, o responsável voltou a repetir que, na Caixa, muitos clientes continuam a manter isenções de comissões, dos quais 750 mil jovens e 600 mil reformados.
O presidente da CGD disse mesmo que, no total, a Caixa tem cerca de 3,5 milhões de clientes com isenção de comissões, entre 700 mil por terem saldo zero, 1,3 milhões de jovens e reformados isentos e os restantes porque cumprem determinadas condições que lhes dão direito à isenção.