Cristas leva cartão amarelo no Porto

A presidente recém-reconsagrada perdeu a concelhia da Invicta para uma lista de críticos e distantes. É um primeiro sinal interno.

A direção de Assunção Cristas perdeu esta semana a concelhia do CDS do Porto. A presidente centrista, recentemente reconsagrada em Lamego, sofre assim o primeiro abanão interno depois de um congresso em que a oposição mal se vislumbrou. 

A vereadora da Câmara Municipal do Porto, Catarina Araújo,  também membro da Comissão Política Nacional de Cristas, saiu derrotada pela advogada Isabel Menéres para a liderança da concelhia da Invicta. Araújo, que tinha a vice-presidente do CDS Cecília Meireles como mandatária, perdeu surpreendentemente contra a lista de Menéres, que conta com apoios e presenças de correntes alternativas à atual liderança do partido, como a Tendência Esperança em Movimento [TEM] – liderada por Abel Matos Santos –, e o grupo de Filipe Lobo D’Ávila, que elegeu em Lamego novamente uma lista ao Conselho Nacional, apesar de ter aí renunciado ao mandato parlamentar. 

Raul Almeida, próximo de Lobo d’Ávila, que recusou a possibilidade de lhe suceder no lugar de deputado («Nada me fez pensar que a minha situação seria diferente da do Filipe»), diz ao SOL que a vitória de Menéres foi a «vitória de uma lista livre e independente» contra uma «lista endossada». Isto é, para Almeida, a vitória de Menéres «é só dessa lista e de mais ninguém», enquanto a derrota da lista oficial «é de quem perdeu e também de quem a endossou». 

A Tendência Esperança em Movimento, por outro lado, exige responsabilidades à direção do partido, na medida em que o secretário-geral adjunto do CDS, Manuel Gonçalves, integrou a derrotada lista de Catarina Araújo. «O secretário-geral-adjunto não tem condições políticas para continuar a exercer o cargo, independentemente do resultado que viesse a ocorrer no Porto. Isto porque tomou um lado e não respeitou a imparcialidade e equidistância que se exige a quem é secretário-geral-adjunto», acusa Abel Matos Santos ao SOL. «A TEM sempre se bateu e bate pela ética na política e é fundamental que se moralize a política e se tirem consequências políticas deste comportamento e deste resultado», conclui. 

Falando em consequências do resultado, Álvaro Castelo Branco, líder distrital do CDS, também sofreu derrota pesada, na medida em que a irmã e o cunhado integraram a lista que perdeu contra os distantes de Cristas.  

N.º 2 de Cristas vai para a AR

Devido às já referidas renúncias parlamentares de Lobo d’Ávila e Raul Almeida, João Gonçalves Pereira, que foi porta-voz de Cristas em Lisboa e com ela vereador, assumirá o mandato de deputado. «Exercerei o mandato parlamentar com empenho e dedicação à causa pública», diz ao SOL, respeitando «plenamente a liberdade que o Filipe Lobo D’Ávila advoga ter que existir na política».