D eu a volta ao mundo sem recorrer a aviões; seguiu os passos do navegador Fernão de Magalhães, o primeiro homem a fazer a circum-navegação do globo; atravessou África desde a Cidade do Cabo até Tânger usando apenas meios de transportes terrestres; e visitou destinos tão remotos como as ilhas Galápagos, a Polinésia, o Peru ou o Lesoto. Perto de completar 50 anos, Gonçalo Cadilhe passou metade da vida a viajar. A Pequena Galeria, em Lisboa, exibe até ao final do mês uma seleção de fotografias que realizou ao longo de perto de 20 anos.
Faz ideia de quantos quilómetros já tem nas pernas?
[Risos] Tenho mais noção dos anos. É por aí que vou percebendo quantos quilómetros ainda posso fazer. Só na viagem da volta ao mundo sem apanhar aviões – que demorou 19 meses – fiz 120 mil quilómetros. Estamos a falar de 19 meses em 25 anos. Não estou sempre a viajar, nem a esse ritmo, mas não conseguiria fazer esse cálculo, até porque regresso muitas vezes aos mesmos sítios.
Disseram-me que amanhã vai partir para Itália.
É verdade, vou para Itália com um grupo de clientes da Agência Pinto Lopes Viagens, para fazer o ‘Mistério Etrusco’. A civilização etrusca é importantíssima para a consolidação do Império Romano, mas quase não se fala dela porque os vencedores é que escrevem a História.
Ficou, por assim dizer, subterrânea. Aliás, parece que tem uns túmulos muito bonitos.
Lindíssimos. Também vamos visitar esses túmulos. Aguentaram até aos nossos dias e têm a mesma pintura que depois vemos no final da Idade Média ou até no Renascimento. A pintura que se fará em Itália 1500 anos mais tarde tem o mesmo gosto cromático e a mesma harmonia de formas, ou seja, parece que os etruscos continuaram sempre a ser os habitantes da Itália Central, só que os romanos cancelaram esse nome.
Enquanto para outra pessoa será um momento especial ir a Paris ou a Roma, imagino que para si seja uma coisa bastante corriqueira…
Não. É especial na mesma. Quando uma pessoa que gosta muito de música põe o mesmo disco várias vezes ao longo da sua vida, vai descobrindo sempre novas razões para voltar a ouvi-lo. Eu diria que no meu caso estes destinos são tão inesgotáveis que não me canso. Não posso usar a palavra ‘corriqueiro’ porque continuo a sentir-me subjugado pela potência, pela beleza destes lugares.
Não perde o prazer?
Cultivo a descoberta de novas coisas nos mesmos destinos. Por isso é que regresso sem problemas de cansaço sensorial.
E evita aquelas atrações mais óbvias, como o Louvre ou a Praça de São Marcos?
Como é que podemos evitar? Seria de uma sobranceria brutal evitar esses destinos só porque outros milhares de pessoas também estão lá. Cada um tirará aquilo que sabe tirar. Uma excursão de chineses que andam atrás de um chapéu de chuva na Praça de São Marcos tirará aquilo que consegue tirar, eu, que já estive dezenas de vezes lá, continuo a ir e continuo a tirar coisas que eles não conseguem.
Porque estamos a falar de turismo de massas, costumamos associar a fotografia em viagem a essas excursões. Há quem vá aos locais e quase nem se preocupe em olhar. Quer é obter uma boa ‘chapa’. Sempre fotografou em viagem ou também já teve este preconceito?
Preconceito não tive, o que tive foi uma perceção da minha falta de originalidade como fotógrafo. Isso pode roubar o estímulo, pode ser um bocadinho castrador.
Não lhe interessava fazer a mesma fotografia que milhares de outros já fizeram?
Não era não me interessar, era sentir-me derrotado por toda a genialidade de olhares que me antecederam e pensar: ‘O que é que eu vou fazer de novo? Nada’. Isso tirava-me a motivação para fotografar. Mas depois vem um momento em que consigo ficar satisfeito com uma fotografia e regressa a vontade de fotografar. Agora, eu sempre quis fotografar em viagem, nunca evitei.
Pelo que percebi, as suas fotografias partem mais do sentimento que experimenta naquele momento do que do cenário, correto?
Nisso sou um bocadinho infantil. Uma característica que se diz que diferencia muito o homem da mulher é o colecionismo. E para mim a fotografia de viagem é também uma espécie de coleção de momentos de beleza que não consigo encontrar cá. Viajar é também uma maneira de aumentar os cromos da coleção. É procurar esses cromos através do meu olhar de turista, de viajante, de estrangeiro. Em Portugal não consigo fotografar.
Porque lhe é familiar?
O máximo que consigo aqui é repetir os clichês dos folhetos de turismo, não consigo ver grande beleza porque faz parte de mim desde que nasci, banalizou-se. E às vezes vejo fotografias de Portugal feitas por outros e penso: ‘Caramba, este país é tão bonito e nunca consigo encontrar esta beleza’, parece que o meu olhar perdeu a frescura pela repetição do dia-a-dia.
Depois do regresso volta a olhar para estas fotografias ou é como aquelas pessoas que as tiram e nunca mais olham para elas?
As fotografias de que eu gosto alimentam a fogueira da errância, olho para elas e vou lá buscar força para viajar mais. A fotografia faz-me querer viajar mais, querer fotografar mais.
Costuma viajar sozinho?
Sim, quase sempre. Se eu vou a um sítio de que gosto muito, parece que preciso de outra pessoa não apenas para partilhar o momento mas também para confirmar que aquilo que estou a ver é mesmo especial.
Não sente falta disso?
Essa questão talvez fosse mais pertinente antes do aparecimento do Instagram e do Facebook. Hoje em dia vamos a um sítio, tiramos a fotografia, pomos numa rede social e temos centenas de pessoas connosco naquele momento. Mas independentemente das redes sociais, o que sempre senti é que a minha viagem, captada na fotografia ou passada à palavra escrita, sempre foi uma partilha. A génese da viagem, o próprio financiamento, era a sua partilha mais tarde. Nas revistas, nos livros, nos documentários. Nunca coloquei essa questão de não ter partilhado porque era quase obrigado a partilhar.
Mas isso é já ‘em diferido’. Eu dizia no momento, ‘em direto’. Não gostava de poder tocar no braço de outra pessoa e dizer-lhe: ‘Olha para aquilo?’
[risos] Viajo muito sozinho e a grande parte da minha carreira de viajante foi feita sozinho. Mas fui obrigado a viajar cada vez mais com um grupo ou com outros profissionais. Não são as pessoas com quem quero romanticamente partilhar o momento mas… acho que essa certeza de que irei partilhar e receber o feedback – seja na venda dos livros, seja no próprio facto de as revistas quererem continuar a publicar o meu trabalho – é a garantia de que estarei sempre acompanhado naquele momento, mesmo em diferido.
Qual é o equipamento que leva consigo em viagem?
Por causa dessa necessidade de regressar com o trabalho feito tenho de levar computador, máquina fotográfica e cartão de crédito. A ferramenta de trabalho não pode faltar. E costumo dizer que a outra coisa que não pode faltar é o sorriso, porque viajar, pelo menos como eu faço, é sempre um encontro, e o sorriso é quase sempre a ferramenta imprescindível para quebrar barreiras.
Por que fez essa ressalva, ‘quase sempre’?
Porque pode ser o contrário. Aconteceram-me já situações muito delicadas no Extremo Oriente onde o sorriso…
Foi mal interpretado?
Exatamente. Foi interpretado como um sinal de vergonha ou de culpa. Uma vez, no Japão, fui acusado injustamente de ter roubado uma bicicleta. Na realidade eu pensei que a bicicleta era de alguém que não me explicou que a bicicleta também não era dele, e fui detido por um grupo de polícias porque a bicicleta tinha sido efetivamente roubada – mas não por mim, já tinha sido roubada há muito tempo e eu só estava há um dia no Japão. Quanto mais eu explicava a situação, mais sorria, coisa que qualquer um de nós faz numa operação stop, especialmente se tiver uns gramas a mais de álcool no sangue. Quanto mais eu sorria, mais eles estavam convencidos de que eu era o ladrão da bicicleta.
Já viveu outras situações delicadas?
Já. São tantas que nem sei por onde começar. Desde as mais caricatas às mais sérias. Durante a viagem para escrever o livro sobre o Fernão de Magalhães, fui convidado para um casamento nas Molucas. Estavam lá muçulmanos, por isso o prato principal não podia ser porco; estavam hindus, não podia ser vaca; e a galinha é o prato do dia-a-dia. Por isso tiveram todo o orgulho em dizer-me que iam servir cachorro esquartejado, que é uma coisa cara. Como eu era o único convidado branco, europeu, calhou-me inaugurar o banquete. As pessoas estavam à minha espera para começarem a comer e eu a olhar para o cachorro esquartejado…
E comeu?
Pois claro, teve que ser. Ainda hoje me faz um bocadinho de confusão.
A que sabia o cão?
Tinha um molho tão forte que eu não consigo identificar o sabor. O molho da malagueta, quando é muito forte, é uma espécie de tanino que nos queima o palato. Não sei se já teve a infelicidade de o provar…
Nunca tive.
Mas é isso, não tenho a noção do que será o sabor daquela carne porque fiquei completamente anestesiado com a malagueta.
Isso na parte das mais situações caricatas. E também já se sentiu ameaçado?
Várias vezes, por exemplo no Afeganistão. Mas há uma situação que é mesmo estar no lugar errado à hora errada. Saí de um táxi para ir comprar um bilhete de autocarro, daquelas empresas manhosas, no Peru, e disse ao taxista que esperasse por mim. Entro no hangar que serve de bilheteira no momento em que aquilo está a ser assaltado, e antes de me aperceber, um dos tipos vem ter comigo, encosta-me uma pistola à barriga e diz: ‘Não te armes em herói’. Claro que eu garanti-lhe logo que não me ia armar em herói. E ele diz: ‘Encosta-te àquele canto’. Então comecei a recuar instintivamente para a porta e ele não se apercebeu. Quando deu por isso, já estávamos praticamente no passeio, e desinteressou-se de mim. Li no jornal do dia seguinte que eles roubaram seis mil dólares, que eram os salários do mês dos empregados. Eu – entre cartão de crédito, computador, material fotográfico, passaporte – tinha muito mais do que isso.
Como acabou essa situação?
Corri para o táxi e entrei a tremer, a gaguejar. E o tipo do táxi, com uma fleuma bestial, diz: ‘Ah, devem estar a assaltar aquilo, vamos dar uma volta ao quarteirão e depois já vem cá comprar o seu bilhete’. Ele deu uma volta e ligou para a central a dizer que estava a haver um assalto. A polícia chegou em dez minutos e ele lá foi comprar o meu bilhete. O Peru é um país extremamente violento, se eu tivesse feito um movimento mais brusco se calhar ele tinha puxado o gatilho…
Falou de um casamento. Costuma levar roupa mais formal para o caso de surgir uma ocasião desse género?
Não, não, não. Pelo contrário. Cada vez mais viajo leve. Primeiro porque tenho muitos problemas de costas – nada irreversível – e cada vez mais sinto o peso da mochila. Uma t-shirt custa um euro em Portugal, no Sri Lanka custa 50 cêntimos, portanto prefiro levar pouco, ir oferecendo aquilo de que já não preciso e ir comprando o que preciso. Nunca fui de propósito ao Nepal, foi sempre de passagem, mas quando lá estive não levava casacos de penas. Lá em Katmandu aluga-se isso tudo. Cada vez mais prefiro viajar com pouco.
Imagino que ao longo dos anos foi afinando a bagagem. Ao princípio levava muita coisa de que não precisava?
No início, há 25 anos, levava camping gaz e panelas para cozinhar. Depois percebi que existia uma coisa que eram os hostels. Após a segunda ou terceira viagem já tinha essa escola toda e comecei a levar cada vez menos utensílios.
De vez em quando sente-se na necessidade de se dar a certos luxos, de ir a um bom restaurante ou de dormir num hotel mais confortável?
Sim. Estava a ver agora uma próxima viagem que vou fazer e esperam-me 18 horas de autocarro. Se eu fizer essas 18 horas de autocarro sei que quando chegar ao destino vou querer um bom hotel para dormir uma boa noite. Se calhar há 20 anos não tinha dinheiro para essa boa noite – e o corpo também aguentava melhor. Hoje em dia vou com outras condições e com outras possibilidades económicas.
Com a idade tornou-se mais exigente?
Não no luxo, mas no conforto sim. É o corpo que pede.
Quando passa muito tempo fora sente falta de certas coisas que temos cá em Portugal?
Do que eu sinto cada vez mais falta é do bom senso. O bom senso é uma das razões por que é bom viver em Portugal – bom senso na alimentação, bom senso no sentido de humor, bom senso na cordialidade. Antigamente eu achava tudo muito curioso no choque cultural. Aconteceu estar no Amazonas num autocarro que pára às seis da manhã, depois de viajar a noite toda, e toda a gente sai numa tasca de estrada para comer o seu pequeno-almoço. E o pequeno-almoço é borrego com batata cozida ou peixe frito. Há quinze anos eu comia e achava graça, hoje como porque não vou ficar sem comer, mas não acho graça.
Às vezes fica um pouco saturado desses hábitos diferentes?
Tenho o privilégio de viajar com os entusiasmos e com os temas que eu próprio escolho. Estou a viver uma coisa que fui eu que criei. E nesse sentido não tenho essa impaciência pelo regresso, não sinto esse cansaço. E vou tendo o cuidado de diversificar os temas. A minha última grande viagem foi ‘Nos Passos de Santo António’. Não tem nada a ver com uma viagem anterior que era atravessar a Patagónia.
Qual foi o máximo de tempo que passou fora do país? Esses 19 meses?
Sim, houve outra situação em que passei 15 meses fora do país e duas ou três em que passei dez meses fora. Mas a viagem da volta ao mundo foi o máximo.
E nem aí estava desejoso de regressar a casa?
Senti a necessidade de pôr um ponto final no projeto. Não era propriamente a questão do viajante que precisa de regressar a casa, mas do livro que precisa de ter um final.
Depois de se passar tanto tempo fora é fácil regressar a casa e ficar tranquilo, não sentir uma certa inquietação?
No meu caso sim. Por um lado, porque quando regresso já estou a pensar na próxima e a fechar as pontas soltas da anterior, estou cá mas estou em viagem. Por outro lado, sempre vivi um bocadinho desligado. Nunca segui as notícias, a política ou as telenovelas em Portugal, e quando estou cá continuo a não seguir. Diria que ganhei uma perspetiva de distanciamento, de cidadão do mundo. O dia-a-dia, o ramerrão das notícias, as vedetas do momento, passa-me tudo ao lado.
Da primeira vez que se propôs partir durante muito tempo, foi para fugir ou distanciar-se de alguma coisa ou de alguém?
Não, foi uma atitude de quase obrigatoriedade perante os meus sonhos. A Figueira da Foz é uma das etapas no circuito hippie dos surfistas, os australianos, neozelandeses, californianos vinham passar uma temporada à Europa, compravam uma carrinha pão-de-forma e desciam até Marrocos, passando por Portugal. Comecei a fazer surf com 12 anos e cresci a olhar com muita admiração para estes australianos que andavam a dar a volta ao mundo com a prancha de surf atrás, e sempre quis isso para mim. Quando percebi que tinha uma porta aberta no jornalismo de viagens, isto no final dos anos 80, agarrei essa oportunidade.
As pessoas quando viajam normalmente gostam de trazer recordações, ou cruzam-se com objetos bonitos e diferentes que querem adquirir. Imagino que veja muitas coisas, mas não traga nada por causa da carga.
Não tenho esse impulso. O que tenho feito algumas vezes é, na Índia – que é um mercado muito bom para comprar livros, porque são em inglês e muito baratos – comprar uma prateleira de livros que se calhar vou demorar anos a ler, mas são livros que sempre quis.
E como os traz?
Depois envio por correio com embalagens próprias que são feitas no momento, à saída dos correios, cosem aquilo com um pano. Pode demorar uns seis meses a chegar a Portugal, porque vem por via marítima. Nos livros tenho esta fixação, mas só nos livros. Nunca tive uma casa étnica, nunca desenvolvi esse gosto na decoração – tenho um gosto Ikea, perfeitamente denominador comum.
Não tem objetos em casa que remetam para as suas viagens?
Quase nada. O que sempre fui guardando era o bilhete de entrada no museu ou o bilhete do autocarro tão arcaico que já não existe nada assim em Portugal desde os anos 50. Às vezes meto tudo num painel e faço umas colagens. Etiquetas de cerveja, que se descolam muito facilmente quando a cerveja fica morna, uma nota de dinheiro… posso ir juntando coisas assim mas sem rigor.
Amanhã segue para Itália. Pensa nessa viagem como férias ou como trabalho?
Sempre pensei como trabalho. Nunca tive nem oportunidade nem o desejo de fazer férias em viagem. Para mim férias – se é que o conceito se pode aplicar – seria estar em casa. A única coisa que pode acontecer é, por exemplo, ir às Molucas para fazer alguma coisa relacionada com a História de Portugal e aproveitar para ficar uma semana em Bali, que está ali ao lado e é um dos grandes destinos mundiais do surf. Mas gastar dinheiro no bilhete de avião para ir de férias custa-me muito porque já vou no meu trabalho.
Encarar a viagem como trabalho não lhe retira o romantismo?
Não deixo que retire, porque todos os dias me lembro do privilégio que é ser pago para fazer aquilo que sempre sonhei. Não paro de me maravilhar, não paro de ficar deslumbrado com os lugares, com a viagem, com a sorte incrível que tenho. Esta será a sétima ou oitava vez nos últimos quatro ou cinco anos que vou fazer a viagem à Etrúria e quase fico com os olhos cheios de lágrimas com a emoção de poder voltar àquele buraco na terra onde um artista anónimo pintou aquelas imagens há 2500 anos. Não permito que se perca o encanto da vida que levo, seria um insulto.
Está quase a fazer 50 anos. Tem alguma viagem especial me mente?
Fiz aos 40 a viagem especial da minha vida. Agora aos 50 já seria mais do mesmo.
Não pude deixar de reparar que tem uma aliança. É casado?
Sim, sou casado, tenho um filho de cinco anos.
E como concilia as suas ausências com a vida familiar?
Desde que o meu filho nasceu, o que tento fazer é ir muitas vezes por pouco tempo. Agora ele já compreende que é o trabalho do pai, mas há dois, três anos era complicado para ele o pai desaparecer durante muito tempo. Nestes primeiros cinco anos da vida dele nem sempre foi possível, mas tentei nunca estar fora de casa mais de três semanas. À medida que ele for crescendo vou ver se posso esticar a corda.
E com a sua mulher foi sempre pacífico?
Foi, porque quando nos conhecemos já era esta a minha vida, ela já casou com o viajante, não foi depois de termos casado que comecei a ausentar-me.
E, sendo as viagens o seu trabalho, também fizeram uma lua-de-mel como os outros casais fazem?
Fizemos. Foi uma história curiosa, porque poucas semanas antes de casarmos ganhei o prémio de jornalismo de viagens do Clube de Jornalistas, que era uma viagem oferecida pela agência Halcon, com um valor bastante alto. Isso permitiu-nos fazer uma viagem de luxo para as Maldivas, coisa que provavelmente nunca teríamos feito de outra forma. Portanto o prémio calhou mesmo no momento certo.