Portugal deverá continuar a crescer nos próximos anos. Quem o diz é o Banco de Portugal (BdP), que aponta para um crescimento do produto interno bruto (PIB) na ordem dos 2,3% este ano, 1,9% em 2019 e 1,7% em 2020. As previsões do BdP, divulgadas esta semana, vão assim ao encontro do que foi estimado pelo Banco Central Europeu para a área do euro.
Como se consegue este crescimento da atividade económica? A receita parece sustentar-se principalmente num forte dinamismo das exportações de bens e serviços e no aumento do consumo privado. Já a diminuição do ritmo de crescimento ao longo das projeções está ligada à previsão de uma desaceleração da procura externa.
Níveis de 2008
O Banco de Portugal compara nas previsões, divulgadas esta semana, a evolução da economia de 2008 até 2020. Percebe-se então que 2018 ficará marcado pelo regresso à dimensão económica que o país registou em 2008. É feito um destaque para as exportações, nomeadamente no que diz respeito ao turismo, já que estas mais do que duplicam. É ainda apontada uma recuperação do investimento empresarial e a manutenção do consumo privado. O regulador diz mesmo que «as exportações ascenderão no final do horizonte a um nível superior ao observado antes da crise financeira internacional, sendo que as exportações de turismo mais que duplicam».
No que respeita ao investimento empresarial pode dizer-se que só haverá recuperação comparável aos níveis de 2008 no final do horizonte destas projeções. «Comparando com 2008 – período anterior à recessão associada à mais recente crise financeira internacional –, o produto real deverá ser 4,7% superior em 2020, um incremento de magnitude próprio do projetado para o consumo privado (4,0%) e para a FBCF [formação bruta de capital fixo] empresarial (6,4%)», explica o regulador.
A análise do período entre 2008 e 2020 mostra ainda que, depois de um ano negro em 2016, o investimento público e privado deu, no ano passado, o segundo maior contributo para o PIB. O maior e principal contributo continuou nas mãos das exportações.
A confirmarem-se as previsões avançadas pelo Banco de Portugal, 2018 será o ano em que o país vai poder dizer que voltou ao tamanho de 2008.
Desemprego deverá cair
Já no que respeita ao desemprego, o regulador espera que a taxa desça dos 8,9%, registados em 2017, para os 7,3% este ano. Nos próximos anos deverão registar-se ainda mais descidas: estima-se uma taxa de 6,3% no próximo ano e 5,6% em 2020.
Os números agora avançados pelo regulador são mais baixos do que os apresentados em dezembro do ano passado, altura em que se esperavam taxas ligeiramente superiores: 7,8% este ano, 6,7% em 2019 e 6,1% em 2020.
Esta redução apontada pelo Banco de Portugal está diretamente relacionada com o crescimento do emprego no decorrer dos próximos anos, que será «conjugado com aumentos ligeiros da população ativa», associados principalmente à subida da idade da reforma e ainda ao regresso de algumas pessoas inativas ao mercado.
De acordo com as contas do Banco de Portugal, haverá aumento do emprego este ano, de 1,6% para 1,9%. Para os anos seguintes, as previsões continuam a ser de 1,3% em 2019 e 0,9% em 2020. «Depois de, em 2017, ter crescido mais do que o PIB [3,3% contra 2,7%], o emprego continuará a aumentar até 2020, ainda que a um ritmo progressivamente mais baixo ao longo do horizonte de projeção», afirma o regulador.
Ainda assim, em 2020, por exemplo, o nível médio do emprego situar-se-á abaixo do registado em 2008. O próprio regulador explica que «o nível médio anual do emprego situar-se-á cerca de 12% acima do mínimo registado em 2013, embora permaneça 1,6% abaixo do nível em 2008», antes da crise económica.
O regulador avança ainda que todas estas projeções deixam perceber que haverá um crescimento «fraco do produto por trabalhador». A consequência é um «aumento contido dos salários». E é com base nesta premissa que se justifica a previsão de que o consumo privado desacelere, «em linha com a evolução do rendimento disponível real».
Neste sentido, o regulador estima que as poupanças das famílias portuguesas continuem a apresentar níveis «historicamente baixos».