A guerra comercial despoletada pela imposição unilateral de tarifas sobre as importações de aço e alumínio pela administração de Donald Trump já está a ter consequências, com um "efeito dominó" a ser vísivel.
"Temos de evitar situações de conflito, de escalada, de medidas que possam levar a contramedidas e essas contramedidas levarão a outras medidas, e assim por diante. É o que chamamos 'efeito dominó'. Podemos estar a ver as primeiras peças do dominó a caírem e isso é muito preocupante", disse o diretor-geral da Organização Mundial de Comércio, Roberto Azevêdo, à agência Lusa.
Para o diretor-geral, a solução passa pelo diálogo para se tentarem encontrar soluções. "Estamos a tentar ajudar nesse diálogo e isso não é fácil, porque, evidentemente, são decisões políticas muito importantes, muito sensíveis, e não podemos desistir", assegurou. E deixou o aviso de que se se entrar em escalada, as retaliações serão mútuas e díficeis de reverter.
Se no início a guerra comercial parecia ser apenas entre os Estados Unidos e Estados-membros da União Europeia, entre os quais a Alemanha, agora parece ter-se estendido também à China com a decisão norte-americana de impor tarifas às importações chinesas na ordem dos 60 mil milhões anuais. Por sua vez, Pequim retaliou ameaçando impor tarifas às exportações norte-americanas de fruta.
Entretanto, os Estados Unidos já anunciaram a submissão de um processo contra a China na OMC, acusando-a de "infringir os direitos de propriedade intelectual".
Relembre-se que a China é a maior e principal detentora de dívida pública norte-americana, com uma soma de 375,2 mil milhões de dólares em 2017, o que faz com que as duas economias estejam, no atual contexto de globalização, intimamente interligadas.