Longe da Assembleia da República nas últimas semanas, mas nem por isso distante da cena política. Filipe Lobo d’Ávila, que renunciou recentemente ao mandato de deputado, não gostou que o CDS não estivesse presente na votação indiciária sobre a nova lei da identidade de género, na Subcomissão para a Igualdade e Não Discriminação. A nova lei saiu, assim, aprovada na especialidade com os votos favoráveis do Bloco de Esquerda e do Partido Socialista e a abstenção do PCP em dois artigos. O PSD, que ao contrário do CDS esteve presente, votou contra tudo. O CDS não pôde votar nada. E Lobo d’Ávila não apreciou essa circunstância.
Ao i, o agora ex-deputado centrista afirma que o “que está em causa é o sinal que é dado”. “Trata-se de uma matéria que tem a ver com valores – e, aqui, a posição do partido não está em causa”, salienta o também ex-secretário de Estado. “Já tinha sido anunciada qual seria a posição e o sentido de voto, dois dias antes, no Pinhal de Leiria. Mas a votação faz-se na Assembleia, não é fora da Assembleia”, destaca depois. “Desse ponto de vista, creio que foi uma falha, e uma falha desnecessária. Não é um bom sinal.” Questionado pelo i sob eventuais correções ao sucedido, Lobo d’Ávila insiste que o CDS “devia e não podia deixar de estar na votação”. “Estará na generalidade e estará seguramente contra, mas não poderia deixar de estar na especialidade numa matéria desta natureza, com a importância que tem”, considera ainda.
“O CDS é um partido que tem uma posição muito clara. Não estar presente permite outro tipo de interpretações que representam um sinal que não é bom, e isso é desnecessário”, remata ao i.
Já nas redes sociais Filipe Lobo d’Ávila deixara críticas à prestação – ou ausência – do CDS na votação referida. “Não consigo perceber que o CDS não esteja presente numa votação destas. Até poderá ser por motivos de agenda, mas a vida faz-se de sinais e este não é um bom sinal”, escrevera.
E as barrigas de aluguer…
Raul Almeida, número 2 na lista de Lobo d’Ávila, também apontou críticas ao sucedido na sua página pessoal. Para o dirigente nacional do CDS, que aliás recusou recentemente suceder a Lobo d’Ávila no parlamento por “falta de liberdade”, a reação é de “perplexidade”.
“A agenda dos deputados, que [devem estar] em representação dos eleitores do CDS no parlamento, deve ser organizada por critérios de importância política. Ora, acontece que não haverá neste momento outro assunto com relevância política maior, igual ou próxima da lei da identidade de género. Este, à semelhança da ausência da presidente do CDS na votação das barrigas de aluguer, é um péssimo sinal que o CDS dá”, considerou Raul Almeida que, assim como Lobo d’Ávila, também discorda de Cristas na questão da lei da paridade.