O despacho está feito. Toda a responsabilidade financeira e todo o poder orçamental do Partido Social Democrata estará, a partir de agora, confinado às mãos de um homem – jovem, de 35 anos – de seu nome: Hugo Carneiro.
Mais do que um secretário-geral adjunto, o católico, oriundo dos quadros do Banco de Portugal, será o secretário-geral não-oficial do PSD. A pasta das Finanças dentro do partido foi-lhe alocada na mesma semana em que José Silvano foi ratificado como novo secretário-geral – após a saída dramática do academicamente incerto Feliciano Barreiras Duarte –, sendo que a gestão orçamental da secretaria-geral não fica habitualmente como poder de um secretário-geral adjunto como Hugo Carneiro.
Mas a verdade é que, desta vez, será assim. E a verdade é também que Hugo Carneiro não é um secretário-geral adjunto igual aos restantes ou antecessores. Foi escolhido e trazido por Rui Rio e é – para alguns – visto como um seu “delfim”. O economista, que já fora adjunto na Câmara do Porto do agora líder do PSD, tem como compromisso “endireitar as contas” do partido depois de umas autárquicas cuja despesa não foi proporcional ao resultado. Já como autarca ao lado de Rio fora coordenador do conselho financeiro do município e nas diretas contra Santana Lopes voltaria a ficar a cargo dos números na estrutura de campanha de Rio. Agora, o desafio passa por corrigir um passivo que ameaça ultrapassar os dois dígitos.
Poupadinho, desde estudante
A doutrina da poupança não é, para Hugo Carneiro, só função política: “É mesmo tique pessoal”, garante um próximo. “Já nos tempos do associativismo [académico] era assim!”, recorda ao i. Carneiro estudou primeiro Economia e depois Direito, na Universidade Católica do Porto. “Mas não é só uma pessoa de números. É um tipo genuinamente bom, gosta de voluntariado, e muito culto”, conclui o mesmo amigo.
As qualidades, por outro lado, que o próprio enalteceu aquando do seu apoio público a Rio foram “a imagem de seriedade que o PSD precisa” e a capacidade de fazer de Portugal “um sítio melhor para se viver”.
Se Hugo Carneiro esteve ao lado de Rio a sanear as contas da Câmara do Porto e ao lado de Rio a não gastar nem mais um cêntimo durante a corrida interna para a liderança, estará agora a equilibrar o balanço na sede nacional do PSD. Caso os sociais-democratas cheguem a ganhar (ou a integrar…) um governo, Rui Rio já tem secretário de Estado adjunto. Resta ver se chegarão, novamente os dois, a esse objetivo.