O Governo russo emitiu este sábado um comunicado no qual defende que “há todos os motivos para acreditar” que o objetivo do ataque levado a cabo pelos EUA, em conjunto com o Reino Unido e a França, era condicionar o trabalho da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), que iria iniciar hoje os seus trabalhos no terreno para averiguar o envolvimento do regime sírio nos ataques com recurso a armas químicas.
“Hoje, os Estados Unidos, juntamente com a Grã-Bretanha e a França, cometeram um ato de agressão contra a República Árabe da Síria, numa flagrante violação da Carta da ONU, infligindo grandes ataques com mísseis no seu território. Mais de cem mísseis de cruzeiro, aéreos e marítimos, foram lançados. Entre os objetos que foram atacados estão um centro de pesquisa na capital síria, a sede da polícia, uma base de defesa aérea, vários aeroportos militares, depósitos do exército. Ainda não temos um número exacto de vítimas”, refere o comunicado, divulgado hoje no site oficial do governo russo.
A Rússia diz que foram ignorados os factos apresentados pelo seu governo e pelo governo sírio e que o objetivo era claro: “Os golpes foram infligidos numa época em que os inspetores da OPAQ deveriam ir à Douma com a tarefa de restabelecer a verdade. Há todos os motivos para acreditar que o objetivo do ataque foi obstruir o trabalho dos inspetores”.
Recorde-se que, esta madrugada, os EUA, apoiados pela França e o Reino Unido, bombardearam alvos em território sírio, numa ofensiva que, segundo as autoridades norte-americanas, se tratou num “ato único” para destruir locais essenciais à produção e armazenamento de armas químicas.
Este ataque surge na sequência de um ataque com armas químicas alegadamente perpetrado pelo regime sírio. O governo de Assad já negou qualquer envolvimento neste ataque e a Rússia pediu a membros da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) que fossem ao terreno perceber o que se passou. Este ataque dos EUA e seus aliados surge no dia em que a OPAQ ia começar os trabalhos no terreno.
A Rússia pediu entretanto uma reunião do Conselho de Segurança da ONU com caráter de urgência. Já foi confirmado que a reunião irá ocorrer esta tarde.