Síria. Rússia nega “manipulação” de provas

Ministro dos Negócios Estrangeiros russo diz que ataque dos EUA e aliados baseou-se numa “montagem” divulgada nas redes sociais

A Rússia negou esta segunda-feira qualquer “manipulação” de provas do alegado ataque químico em Douma, a 7 de abril.

“Posso garantir que a Rússia não manipulou o lugar” afirmou o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, em declarações à estação televisiva britânica BBC.

Lavrov falou ainda numa “montagem” em Douma: "Não posso ser indelicado com os chefes de outros Estados, mas foram citados os líderes da França, Reino Unido e EUA e, falando com sinceridade, todas as provas que eles referem são baseadas em informações dos 'media' e das redes sociais. O que aconteceu foi uma montagem”, defendeu o chefe da diplomacia russa.

As declarações de Lavrov surgem no dia em que a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) participa numa reunião em Haia. Recorde-se que, de acordo com a delegação britânica desta organização, os inspetores da OPAQ ainda não conseguiram chegar a Douma para realizar trabalhos no terreno. Estes deveriam ter começado no sábado, o dia em que os Estados Unidos, o Reino Unido e a França lançaram uam ofensiva contra a Síria.

O ataque de sábado teve como alvos instalações associadas à produção e armazenamento de armamento químico e teve como objetivo responder ao regime de Bashar al-Assad, aquele que os EUA e os seus aliados consideram responsáveis pelos ataques químicos em Douma, que mataram pelo menos 70 pessoas, revelou a Organização Mundial de Saúde.

Tanto a Síria como a sua aliada Rússia negaram qualquer envolvimento do governo sírio nestes ataques e pediram à OPAQ que enviasse inspetores para Douma para averiguar a autoria dos ataques. Hoje,  O chefe da delegação britânica desta organização, Peter Wilson, pediu à Rússia e ao Irão, também aliado de Damasco, que “cooperassem” com a investigação, advertindo que o acesso àquela zona é “essencial”.

No sábado, Moscovo defendeu que o ataque dos EUA e os seus aliados tinha como objetivo dificultar esse mesmo acesso. “Os golpes foram infligidos numa época em que os inspetores da OPAQ deveriam ir à Douma com a tarefa de restabelecer a verdade. Há todos os motivos para acreditar que o objetivo do ataque foi obstruir o trabalho dos inspetores”, lê-se num comunicado divulgado pelo Kremlin no sábado.