A associação de apoio às vítimas do incêndio de Midões ficou indignada com Pedro Marques, ministro do Planeamento e das Infraestruturas, depois de este ter afirmado que não conhece casos de pessoas a viver em roulotes ou tendas, na sequências dos incêndios do ano passado.
Esta quarta-feira, no parlamento, o ministro foi confrontado pelo PCP e PSD sobre o facto de existirem famílias a morar em roulotes e tendas devido aos incêndios, mas como resposta disse não conhecer qualquer situação de alojamento precário.
Esta quinta-feira, a associação enviou uma nota à agência Lusa, onde refere que após seis meses dos incêndios, ainda não foram construídas quaisquer habitações e que “existem pessoas a viver em ‘roulottes’, garagens, casas emprestadas e de familiares, sem qualquer ajuda”.
A mesma nota refere ainda que os desalojados se centram sobretudo no “concelho de Arganil, Oliveira do Hospital, Seia, Tábua, entre outros concelhos” e que “são dezenas os casos verificados por esta associação”. A entidade adianta ainda que “também muitos são os casos de rejeição à construção das habitações e outros os que não foram aceites como primeira habitação, por diversos motivos”.
Em fevereiro, a associação enviou uma mensagem a vários ministros, entre os quais o do Planeamento e das Infraestruturas, e ainda a Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, com uma série de reivindicações sobre agricultura e habitação, com relatos de vários lesados dos incêndios que estão a viver em habitações precárias.
“Vários têm sido relatados pelas próprias pessoas e pela comunicação social. O sr. Ministro não conhece os casos porque não os vem ver. No caso das segundas habitações, o sr. Ministro empurra para os municípios e os municípios nada dizem sobre esses ditos apoios”, refere o documento, afirmando ainda que “o que foi dito ontem pelo sr. Ministro demonstra uma falta de conhecimento do que se passa na realidade nos concelhos afetados pelos incêndios de outubro”.
Pedro Marques reconheceu os danos causados pelos incêndios, mas garantiu que “todos os casos reportados estão em casa de familiares” e que não há conhecimento de famílias a morar em tendas ou rulotes.
"Se houver casos de pessoas a viver em tendas, não conheço nenhum. Se quiser fazer chegá-los diretamente, vamos à procura de uma solução para essas famílias", declarou o ministro, reforçando que é necessário ter "informação concreta dessas situações para poder tentar resolvê-las", frisou.