Por que razão os roedores são sempre (ou quase sempre) escolhidos para desempenhar o papel de cobaias?
Segundo a Fundação de Investigação Biomédica norte-americana (dados publicados num artigo da Live Science em 2010), 95% dos animais usados em laboratórios são ratos ou ratazanas. E existem várias razões para os cientistas escolherem estes animais.
Acima de tudo, trata-se de uma questão de conveniência: os ratos são pequenos, fáceis de manter em cativeiro e adaptam-se bem ao meio que os rodeia. Para além disso, reproduzem-se rapidamente e têm uma vida curta (entre dois a três anos). Ou seja, é possível observar várias gerações de ratos num curto espaço de tempo. Para além disso, os ratos são animais dóceis, o que torna mais fácil o contacto com humanos.
Existe também a questão económica: os ratos são animais ‘baratos’ e podem ser comprados em grandes quantidades por quantias baixas.
Quanto à questão genética, a maioria dos ratos usados em laboratório nascem e são criados já neste ambiente. Por isso, com exceção para a existência de dois sexos diferentes, os animais são praticamente idênticos geneticamente, o que permite obter resultados científicos mais uniformes, explica o Instituto norte-americano de Investigação do Genoma Humano.
Para além disso, os ratos são muito parecidos com os humanos – seja genética, biológica ou comportamentalmente. Por isso, muitos dos sintomas existentes nos homens podem ser replicados nestes animais. E essas semelhanças são cada vez mais notórias: de acordo com a Fundação de Investigação Biomédica, hoje em dia já são criados “ratos transgénicos”, ou seja, ratos que possuem genes que são semelhantes aos que causam certas doenças nos seres humanos. Os animais que têm esses genes ‘apagados’ são chamados ‘ratos knockout’, permitindo estudar melhor as relações de causa-efeito entre o uso de certos componentes químicos e os desenvolvimentos nos organismos humanos.
Como já são usados há muito tempo, os investigadores já conhecem bem a sua anatomia e o seu organismo, o que faz com que continuem a ser utilizados nas experiências.
Por todas estas razões, os ratos são os animais escolhidos para nos ajudarem a saber cada vez mais sobre várias doenças, como a hipertensão, diabetes, obesidade, problemas respiratórios, a doença de Parkinson, Alzheimer e doenças cancerígenas.