Os preços das casas em Portugal não param de subir, principalmente nas grandes cidades – em Lisboa, os valores chegam a ser quatro vezes mais caras do que a média nacional, onde o custo por metro quadrado chega a ultrapassar os 3800 euros – e a quem está a pensar em recorrer ao crédito à habitação, a alternativa passa por negociar um prazo de pagamento o mais alargado possível. Esta é a única forma dos portugueses conseguirem obter prestações mensais mais reduzidas.
E do lado da banca as perspetivas são animadoras: a corrida ao financiamento bancário vai mesmo continuar. A maioria dos bancos já antevia um aumento da procura de crédito à habitação e ao consumo até março deste ano, depois de já terem verificado esta tendência no final de 2017, segundo o Inquérito sobre o Mercado de Crédito do Banco de Portugal (BdP). E a opinião é unânime junto dos vários responsáveis no mercado: a procura de casas para comprar vai continuar a aumentar, acompanhada pelo aumento do preço dos imóveis. A perspetiva é que os valores mantenham uma tendência de subida nos próximos cinco anos.
Para apurar qual o prazo máximo e idade limite dos titulares no final do crédito permitido em cada instituição, a plataforma gratuita de comparação de créditos e telecomunicações ComparaJá.pt analisou a oferta de todos os bancos e concluiu que os portugueses poderão encontrar ofertas com prazos de 50 anos até à idade limite de 80 anos. Mas já sabe: quanto mais extenso for o prazo, mais elevado será o montante total imputado ao consumidor (MTIC). Este é o elemento mais importante de um contrato de empréstimo porque vai determinar a quantia total que o cliente terá de pagar quando se solicita um financiamento. Isto porque este valor representa simplesmente a soma do montante total do empréstimo (capital) com os custos associados ao crédito (juros, comissões bancárias, impostos e outros encargos).
As contas são simples: quanto mais se alargar o prazo de reembolso de um empréstimo, mais elevados serão os encargos com juros e comissões, o que fará com que o custo total do crédito no final do contrato seja mais elevado. “Numa fase inicial da vida, quando não se tem tanta capacidade financeira, poderá fazer sentido optar-se por um prazo alargado e ir poupando algum dinheiro para mais tarde se pagar antecipadamente o empréstimo. Em alternativa, poder-se-á renegociar as condições do crédito quando se atingir maior estabilidade financeira, reduzindo-se então o prazo de forma a cortar nos custos com juros, seguros e comissões”, diz ao i Sérgio Pereira, fundador da plataforma.
Oferta no mercado De acordo com a ronda feita pelo ComparaJá.pt, a que o i teve acesso, apenas um banco oferece prazo de 50 anos até à idade limite de 80 anos: o Crédito Agrícola. Já as restantes ofertas disponíveis pelos vários bancos variam entre os 40 e os 50 anos, enquanto a idade limite dos titulares no final do crédito fixa-se, na sua maioria, nos 75 anos (ver quadro em baixo).
Apesar de a Caixa Geral de Depósitos ter como idade limite os 80 anos, o banco público só permite um prazo máximo para o reembolso de 40 anos. Perante este cenário, a oferta do Crédito Agrícola surge como mais vantajosa.
Mas nem são tudo são boas notícias. Um dos cuidados a ter diz respeito à taxa de esforço que se traduz pela percentagem do rendimento total do agregado familiar destinada ao pagamento das prestações de créditos. A ideia é simples: corresponde ao rendimento que se tem disponível para fazer face às despesas do dia a dia (tais como alimentação, transportes e combustível, educação e lazer) após o pagamento das obrigações mensais com créditos previamente contraídos.
“Regra geral, os bancos não aprovam um crédito cujos titulares apresentem uma taxa de esforço acima dos 40%, sendo aconselhável que esta represente apenas um terço do rendimento total do agregado familiar”, explica o diretor geral do ComparaJá.pt”, acrescentando ainda que “os consumidores devem fazer uma escolha consciente e informada das condições do seu crédito de forma a garantir que, face a uma situação de desemprego ou de subida da Euribor, por exemplo, não entram em incumprimento”.
Desta forma Sérgio Pereira, deixa um alerta aos consumidores. “Antes de assinar um contrato de crédito à habitação, as famílias portuguesas devem recolher propostas com diferentes prazos junto de várias instituições de forma a garantirem que optam pela solução mais competitiva de acordo com as suas capacidades financeiras”, conclui.