Ratos nas salas de aula, paredes rachadas, móveis empilhados no exterior e cadeiras desfeitas. São estas as condições em que os alunos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL) têm aulas. A direção da Associação de Estudantes denunciou as más condições em que alguns espaços deste estabelecimento de ensino superior se encontra, afirmando que os “problemas existem há largos anos e nada foi feito por parte da Faculdade para melhorar e resolver as condições de alguns espaços exteriores.”
O caso foi publicado nas redes sociais da FLUL no passado dia 16 de abril e, nas imagens divulgadas, é possível ver vários sinais de degradação, nomeadamente a presença de ratos e baratas dentro das salas de aulas, casas de banho avariadas e espaços sujos.
Nos últimos dias, o i falou com a direção da Associação de Estudantes (AE) para perceber o que já estaria a ser feito para resolver os problemas denunciados. Mas de acordo com a AE, esta não é uma situação nova nem tem um fim à vista: “O estado de degradação a que chegou a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa não é surpresa para ninguém” e nada foi feito até agora para resolver a situação.
“Se para o visitante isto é percetível, para o estudante, que todos os dias frequenta o espaço, esta é uma realidade à qual, infelizmente, se tem habituado: janelas que não funcionam, sistemas de refrigeração das salas de aula avariados ou inexistentes (a biblioteca, no verão, é o exemplo extremo desta situação), espaços, por vezes, sujos, casas de banho avariadas, baratas, ratos, más condições no Pavilhão Novo/Poente (que tem o estatuto de provisório há pelo menos duas décadas), etc.”, disse ao i um dos responsáveis da direção.
“Estes são problemas que existem há largos anos e nada foi feito por parte da Faculdade para melhorar ou resolver as condições e os problemas do edifício e de alguns espaços exteriores.”
Depois de denunciadas as más condições da Faculdade, um grupo de estudantes deste estabelecimento decidiu colocar em circulação um abaixo-assinado, que se encontra disponível na página oficial do Facebook da AE, com o objetivo de “lutar por uma Faculdade mais digna para quem a frequenta”, garantindo que “uma visita, ainda que breve, é bem reveladora das más condições de certas áreas e espaços”.
Ao i, a mesma fonte informou que a Direção da Faculdade está bem ciente do estado em que este estabelecimento de ensino se encontra e que a resposta foi “dada celeremente, não tendo sido apresentadas quaisquer soluções para melhorar as condições da Faculdade”.
“Até quando perdurará esta negligência pelos espaços da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa?”, questiona indignado o responsável da direção da AE.
O i contactou a Direção da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, mas, até ao fecho desta edição, não obteve qualquer resposta.
Edifício provisório há 44 anos A Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa foi criada em 1991, mas a sua origem remonta ao Curso Superior de Letras, fundado em 1859 pelo rei D. Pedro V. O atual edifício, construído em 1958, foi criado pelo arquiteto Porfírio Pardal Monteiro e insere-se num complexo que engloba a Faculdade de Direito e a Reitoria da Universidade de Lisboa.
Para além do edifício principal, a Faculdade possui ainda outro polo: o Pavilhão Novo, construído em 1974. Era suposto esta construção – um edifício prefabricado – ser provisória, mas ainda hoje os alunos têm aulas nesse espaço, também ele degradado.
Uma faculdade histórica Centenas de professores passaram pela Faculdade de Letras ao longo de mais 100 anos de existência. À entrada deste estabelecimento de ensino, é possível ver os bustos de alguns dos docentes mais conhecidos: Manuel Oliveira Ramos (crítico de música e arte), Adolfo Coelho (filólogo e escritor português), Teófilo Braga (sociólogo e segundo Presidente da República) e José Leite de Vasconcelos (linguista).
Entre as figuras mais conhecidas que passaram pela FLUL encontram-se nomes como o do poeta David Mourão-Ferreira, o do escritor Vitorino Nemésio e o do filósofo e cantor José Barata-Moura.