Governo tem 350 milhões para salários da função pública

BE, PCP e PEV criticaram a falta de investimento na saúde

“Não vale a pena dramatizar a existência de greves porque elas fazem parte da essência da democracia”, respondeu António Costa a Catarina Martins quando a deputada do Bloco de Esquerda trouxe ao debate a greve de três dias dos médicos. “Temos necessidade de ir fazendo o que é preciso no Serviço Nacional e Saúde (SNS) e, ao mesmo tempo, melhorar a situação de quem trabalha no Estado”, acrescentou o primeiro-ministro.

A coordenadora do BE criticava a opção por utilizar a folga orçamental do Estado para baixar o défice, questionando se o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, também era Mário Centeno. Mas Costas negou a existência de uma folga no valor de 800 milhões. “O que temos é menos 800 milhões para pagar de dívida”, afirmou lembrando que o Programa de Estabilidade prevê um aumento de 350 milhões de euros que será destinado aos salários da administração pública.

“Temos de balancear estes 350 milhões de euros entre as necessidades de contratação e a legítima expectativa dos atuais funcionários para a melhoria dos seus rendimentos”, disse Costa.

Jerónimo de Sousa, por seu lado, afirma que o governo “não quer resolver” a situação dos profissionais de saúde, desafiando o executivo a passar das palavras à ação. O primeiro-ministro respondeu-lhe, garantindo que o governo não fica “a marcar passo”, ao mesmo tempo que relembrava que o SNS “tem mais 3600 médicos do que no início da legislatura”. E deixou a promessa de “continuar a avançar”.

Já Heloísa Apolónia não ficou convencida com as respostas do primeiro-ministro e acusou o governo de “não estar a conseguir fazer uma pacificação dos trabalhadores” e desafiou Costa a fazer uma “leitura” política das greves.