A primeira-ministra britânica, Theresa May, nomeou Sajid Javid ministro do Interior, depois da demissão de Amber Rudd, devido a um escândalo sobre deportação de imigrantes.
A escolha de Sajid Javid é um marco histórico na democracia britânica. Javid, filho de um motorista de autocarros paquistanês e cuja família imigrou para o Reino Unido nos anos 60, é o primeiro político oriundo de uma minoria étnica a liderar uma das principais pastas do Governo britânico.
Formou-se em Economia e Política, tendo optado pela primeira, quando trabalhou num banco de investimento. Em 2010, trocou a Economia pela Política e foi eleito deputado do parlamento britânico.
O antigo diretor do Deutsche Bank, de 48 anos, liderou os ministérios da Cultura, de 2014 a 2015, e do Comércio, de 2015 a 2016, do Governo de David Cameron.
Agora, era responsável pela Secretaria de Estado da Habitação, Poder Local e Comunidades. O incêndio na Grenfell Tower, que fez 71 mortos em junho do ano passado, foi o seu grande desafio público.
Sahid Javid é um apoiante da manutenção do Reino Unido na União Europeia. Contudo, o novo detentor da pasta do Interior defende o respeito absoluto pelo resultado do referendo de 2016, que determinou a saída do país da união económica e política.
Num texto que publicou no Daily Mail, poucos meses antes do referendo, Javid referiu que o seu voto pela permanência na União Europeia o deixava de «coração pesado» e era apenas justificado pelos elevados custos que essa decisão acarretaria. Para o novo ministro britânico, era «claro que o Reino Unido nunca devia ter aderido à União Europeia», que descrevia inclusive como «um projeto falhado e uma exagerada burocracia a precisar de reformas amplas e urgentes».
Demissão de Amber Rudd
Sahid Javid foi escolhido para substituir Amber Rudd. A antiga ministra, de 54 anos, até aqui considerada uma potencial sucessora de May na liderança do Partido Conservador, demitiu-se depois de admitir ter «inadvertidamente enganado» uma comissão parlamentar sobre «quotas de deportação de imigrantes clandestinos».
A oposição britânica exigia há dias a demissão de Rudd, depois de o Guardian ter revelado documentos que mostravam como a ministra do Interior tinha conhecimento das quotas de deportação de imigrantes ilegais, apesar de o ter negado numa audição parlamentar.
O jornal britânico divulgou uma carta que Amber Rudd enviou para Theresa May, na qual admitia as metas «ambiciosas» que tinha para a expulsão forçada de imigrantes. No documento, Rudd escrevia que estava a reorientar o trabalho dentro do gabinete para atingir o «objetivo de aumentar o número de deportações forçadas em mais de 10% nos próximos anos».
Geração Windrush
Além da polémica sobre as quotas, a ministra foi alvo de críticas devido ao escândalo da denominada ‘geração Windrush’, filhos de imigrantes naturais das Caraíbas, que chegaram de forma legal ao Reino Unido no pós-guerra, mas cujo estatuto tem sido colocado em causa.
O caso começou há semanas quando o jornal The Guardian noticiou que está a ser negado acesso a habitação, emprego ou tratamento médico a alguns imigrantes caribenhos, devido às exigências feitas a empregadores e médicos para que confirmem o estatuto migratório destas pessoas. A outros foi-lhes dito que estão ilegalmente no Reino Unido, pelo que devem abandonar o país.
O novo ministro do Interior, Sajid Javid, comprometeu-se a resolver o problema, invocando a sua condição de filho de imigrantes. «Podia ter sido a minha mãe… o meu pai… o meu tio… podia ter sido eu», referiu.
O governante garantiu que iria «fazer o que fosse preciso» para resolver o estatuto de todos os que se tornaram vítimas inocentes das duras políticas do Governo conservador para a imigração.
«A tarefa mais urgente que tenho é ajudar os cidadãos britânicos que vieram das Caraíbas, a denominada Geração Windrush, e garantir que todos são tratados com a decência e com a justiça que merecem. Acho que é o que as pessoas querem ver e será a minha tarefa mais urgente», justificou Sajid Javid.