A Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, aceitou esta quarta-feira pagar 500 milhões de dólares em indeminizações às 332 vítimas dos abusos e assédios sexuais sofridos às mãos de Larry Nassar, o antigo médico da equipa de ginástica universitária e também das ginastas norte-americanas nos Jogos Olímpicos.
O acordo, porém, só diz respeito aos ataques de Nassar nas instalações da universidade. Há ainda dois processos em aberto contra o órgão americano de ginástica e o Comité Olímpico dos Estados Unidos.
A universidade foi duramente criticada no momento em que explodiram as notícias de que Nassar abusou de centenas de jovens raparigas, grande parte menores, ao longo de anos. De acordo com alguns relatos, a universidade terá recebido no passado queixas contra Nassar, sem, contudo, ter agido.
No dia em que o médico foi condenado a até 175 anos de prisão, em janeiro, a então presidente da instituição, Lou Anna Simon, demitiu-se – insiste em dizer, contudo, que não houve qualquer operação de silêncio em relação ao trabalho do médico na equipa universitária.
“Pedimos profundamente desculpa às sobreviventes e suas famílias”, anunciou esta quarta o novo presidente do conselho diretivo, Brian Breslin. “Admiramos a coragem que foi necessária para contarem a sua história”, prosseguiu o responsável, dizendo que a universidade sabe que é “preciso mudar” no que diz respeito às práticas de denúncia e prevenção de ataques sexuais.
Já o advogado que representou as 332 mulheres no processo diz ter esperança de que o acordo deixe um testemunho capaz de erradicar a violência sexual no desporto. “Esta acordo histórico só existe porque mais de 300 mulheres e raparigas tiveram a coragem de denunciar e recusar-se a serem silenciadas”, escreveu esta quarta John Manly.
Dos 500 milhões de dólares, 425 milhões serão pagos às vítimas – não se sabe que quantia irá para cada vítima. Os restantes 75 milhões serão transferidos para um fundo de futuros processos contra Nassar e a universidade, no que diz respeito aos casos de violência sexual cometidos pelo antigo médico especialista em ginástica e desporto.
Nassar, que tem 54 anos, está atualmente a cumprir uma pena de 60 anos por crimes de pornografia infantil. Se alguma vez sair da prisão enfrentará entre mais 40 a 175 anos pelos crimes de abuso sexual denunciados por centenas de atletas.