Portugal. Direita quer investigação, esquerda condena “massacre”

PCP fala em “bárbaro massacre” em Gaza. José Cesário diz que Israel tem direito a defender-se

A direita relativiza e quer uma investigação, a esquerda condena de forma veemente; pelo meio, o governo critica por um lado e compreende por outro. “Israel tem direito a defender o território e manter a ordem”, disse o deputado José Cesário, do PSD, ao i, “mas a utilização de balas reais para reprimir manifestações” é “inaceitável”.

Nuno Magalhães, líder da bancada parlamentar do CDS, afina pelo mesmo ao diapasão ao dizer ao i que, “se houve força excessiva ou abusiva e desproporcional, é condenável”; no entanto, antes de chegar a conclusões, “é bom primeiro que se apure o caso no seio da ONU”.

“Nem Israel pode usar desproporcionadamente a força – embora Israel tenha o direito de se defender –, nem o Hamas pode transformar o direito de manifestação pacífica em instrumentalização das pessoas para criar violência”, adiantou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, em entrevista à RTP.

Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, elogiou a atitude do governo de não se fazer representar na inauguração da embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém. “Portugal fez muito bem” porque “todos os que acreditam no direito internacional e na autodeterminação dos povos têm de se opor a esta manobra de apoio a um regime que está a fazer violentos ataques” na Palestina. “Israel está neste momento a lançar ataques sobre a Palestina” e Donald Trump e os EUA resolveram abrir uma embaixada em Jerusalém, o “que é uma quebra das regras do direito internacional e de todas as tentativas do processo de paz.”

A perspetiva é partilhada por Santos Silva: “Infelizmente, do nosso ponto de vista, a administração Trump tem tomado decisões que significam o enfraquecimento do laço histórico entre a Europa e os EUA.”

O PCP usou palavras fortes para se referir às 60 mortes caudas pelos militares israelitas na Faixa de Gaza, incluindo um bebé de oito meses que morreu por causa do gás lacrimogéneo. Condenando de forma “veemente” aquilo a que chamam “bárbaro massacre”, os comunistas referem que “a natureza criminosa dos dirigentes de Israel fica patente na sua premeditada opção de assinalar o 70.o aniversário da criação do seu Estado com um novo massacre do povo palestiniano”.

“Um hediondo crime cuja responsabilidade recai igualmente sobre os Estados Unidos da América e as provocações do seu presidente, Donald Trump, mas também sobre todos quantos têm dado cobertura à política sionista de Israel”, acrescenta o comunicado.

PSD e CDS também concordam que a decisão de Washington de passar a embaixada para Jerusalém “não foi um passo muito avisado e adequado”, como diz José Cesário. “Eu desejo que sim”, que a embaixada traga a paz, diz Nuno Magalhães, “o que temos visto é que não”, conclui.