O fundador do Facebook foi esta terça-feira ouvido no Parlamento Europeu, onde se esteve reunido com o presidente Antonio Tajani e os líderes partidários, para responder a perguntas sobre a proteção de dados da rede social, na sequência do caso Cambridge Analytica, em que foram afetados mais de 80 milhões de utilizadores por todo o mundo.
Esta foi a terceira vez que Zuckerberg prestou declarações na União Europeia, em Bruxelas.
Zuckerberg começou por pedir desculpa: "Também se tornou evidente que nos últimos anos não fizemos o suficiente para evitar que as ferramentas que construímos fossem usadas de forma errada. Quer seja no caso das fake news, interferência estrangeira em eleições ou o uso indevido dos dados pessoais de cada um, não tivemos uma visão suficientemente abrangente da nossa responsabilidade. Isso foi um erro, peço desculpa".
Depois de uma breve apresentação por parte do Presidente do Parlamento Europeu e de uma intervenção de Zuckerberg, que voltou a pedir desculpas a todas as pessoas que foram afetadas pelas falhas na proteção de dados, os eurodeputados colocaram as suas questões, que variaram entre perguntas práticas, políticas e técnicas.
Estas foram algumas das questões colocadas pelos deputados ao responsável do Facebook, e que, ao longo de praticamente uma hora de ‘interrogatório’, tomou nota de tudo o que lhe questionado.
– O Cambridge Analytica é um caso isolado, ou há mais casos?
– Porque é não informou os utilizadores do caso, e evitou a transparência na altura?
– No congresso americano, foi perguntado o nome de uma concorrência, várias vezes, mas sem sucesso de resposta. Considera o Facebook um monopólio?
– O que o Facebook vai fazer com as contas falsas, utilizadas para criar campanhas políticas?
– Quando o Facebook recolhe a informação por 10 dias, este é um ciclo contínuo. O que acontece se não tiver uma conta, a internet continuará a recolher informação? Vocês comercializam e recolhem informações de pessoas que não utilizam o Facebook?
– Está a dizer mesmo a verdade e vai introduzir o regulamento?
– Vai cooperar com a Europa e com as autoridades?
– É ou não um monopólio?
– É um bom negócio manter o Instagram, Messager e WhatsApp?
– Tem mecanismos para os utilizadores controlarem a publicidade quando são alvos e defenderem-se retirando-se da base de dados?
– Consegue erradicar todas as contas falsas?
– O Facebook é uma plataforma neutra, multimédia ou de publicidade?
– O Facebook vai pagar taxas nos países onde opera?
– O Facebook é compatível com os valores fundamentais como as liberdades pessoais?
– Que critério legal é tido em conta para fechar páginas que expressam questões legítimas?
– A questão das fake news é uma nova desculpa para restringir liberdades?
– O aumento de falsas contas de Facebook têm como alvo os mais jovens. O que pretende fazer e como está a trabalhar com terceiros para prevenir e ensinar um uso “correto” da internet?
– Como é que define quais são as benchmarks a usar para encerrar perfis e contas?
– O escândalo da Cambridge Analytica é mais do que nunca uma questão de ética e de valores. O Facebook verifica se as companhias contratadas fazem o que lhes compete, sem comprometer os direitos e liberdades dos utilizadores?
– Que medidas específicas vão ser tomadas pela rede social para assegurar e garantir aos cidadãos de que garante os seus direitos e liberdades civis de acordo com o RGPD e quando vai acontecer. Uma data concreta é necessária.
– Questão da privacidade nas apps é apenas a ponta do iceberg ou é todo o iceberg?
– Deve indicar quais são as medidas concretas e o que é “estar comprometido com o RGPD?” Vai cumprir todos os passos que o Regulamento exige?
– Assegura que, a partir de 6ª feira, nenhum utilizador tem que dar mais consentimento do que é necessário para aceder ao serviço?
– Afirmou no Senado que "recolhem dados por questões de segurança" – assegura que estes dados não são usados para outros propósitos?
– Compromete-se que a partir de 6ª não vai haver cruzamento de dados entre as plataformas WhatsApp e Facebook?