As cerimónias fúnebres de António Arnaut decorreram ontem, em Coimbra, e contaram com a presença de várias figuras do PS que foram prestar uma última homenagem ao histórico socialista que ontem faleceu aos 82 anos, entre eles Ferro Rodrigues e Carlos César, João Soares e Adalberto Campos Fernandes.
“Todos nós temos um imperativo ético na política que é fazer aquilo por que António Arnaut pugnou na sua luta por um Serviço Nacional de Saúde (SNS) forte, capaz de reduzir as desigualdades, capaz de aproximar os portugueses de uma resposta de saúde de qualidade”, disse o ministro da Saúde. “E seguramente que nós tudo faremos – o governo no seu conjunto, eu próprio como ministro da Saúde, o senhor primeiro-ministro – para que essa vontade que ele repetida e reiteradamente afirmou seja alcançada”, acrescentou Adalberto Campos Fernandes.
Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda, reforçou que a melhor forma de homenagear o “pai” do SNS é continuar com o projeto que ele tanto defendeu. “Ter estado nos últimos tempos da sua vida dedicado a um projeto que possa salvar o SNS é uma dívida de gratidão que temos com o António Arnaut e, julgo eu, também uma responsabilidade grande de fazer com que o seu projeto de refundação do SNS possa ir para a frente, para assim sabermos que as gerações futuras recebem o mesmo que nós recebemos de Arnaut, o direito de acesso à saúde”, disse.
“Era o nosso presidente afetivo porque, para além do que ele significou como fundador, como presidente honorário, como camarada, ele transmitiu à política a afetividade”, afirmou Carlos César aos jornalistas, reforçando que “ele não é só o pai do SNS, é também um familiar muito próximo de toda a política social que foi desenvolvida ao longo dos anos desde o 25 de Abril.”
Para o presidente da Assembleia da República, Arnaut era “um grande humanista, um grande português, um grande democrata, um grande socialista”. “Eu tive a honra de ser seu amigo e de ele me ter apoiado mesmo nos momentos mais difíceis”, recordou ainda Ferro Rodrigues, referindo-se ao tempo em que foi secretário-geral do PS. “Não me esqueço daquilo que ele disse, daquilo que ele fez e daquilo que ele procurou combater nesses anos de chumbo.”
Também João Soares, filho de Mário Soares, com quem Arnaut fundou o PS, foi prestar a sua “muito modesta homenagem”, pois “tinha [por ele] uma admiração muito grande”, “enquanto cidadão resistente à ditadura, fundador do PS, grão-mestre da maçonaria”. O deputado socialista referiu ainda que o ex-ministro da Saúde foi um “homem de cultura, apegado aos valores do seu povo”.
O corpo de Arnaut saiu do Convento de São Francisco, em Coimbra, para o crematório da Figueira da Foz.