Greve. Camionistas entram hoje em protesto sem fim à vista

Paralisação foi decidida ontem. Camionistas exigem regulamentação do setor e a indexação do preço dos transportes ao do combustível

Uma década depois os camionistas voltam hoje a parar. A direção da Associação Nacional das Transportadoras Portuguesas (ANTP) diz que em causa está a falta de regulamentação do setor e a necessidade de indexação do preço dos transportes ao do combustível (ver págs. 18-19). O protesto, que começa às 8h de hoje, não tem fim previsto. A decisão surge, curiosamente, numa altura em que no Brasil os camionistas estão em protesto há vários dias. Foi tomada ontem numa concentração em Porto de Mós, tendo sido esta a vontade da maioria dos camionistas e empresários.

À Lusa, Márcio Lopes, presidente da ANTP, reforçou que “a paralisação (…) pretende reclamar a regulamentação do setor, uma Secretaria de estado (dedicada exclusivamente) dos Transportes, a obrigatoriedade de pagamento no período máximo de 30 dias e a criação de um mecanismo para que a inflação também seja refletida no setor dos transportes, o que não tem acontecido.”

Aviso e o exemplo do Brasil

Na última semana já tinha sido feito um aviso por parte da principal associação que representa o setor, a ANTRAM, que dava como exemplo o caso do Brasil. “Portugal não está imune, de forma alguma, a que um panorama semelhante venha a ocorrer em território nacional. A sucessiva escalada do preço do gasóleo, sem a devida revisão trimestral do ISP, anunciada e garantida pelo Governo, coloca à prova as empresas de transporte que, no imediato, e para garantir a sua sustentabilidade, ver-se-ão obrigadas a rever as tarifas de transporte”, referiu a associação em comunicado.

Era ainda referido que “a ANTRAM está particularmente atenta a esta matéria e continuará, como até aqui, a reivindicar melhores condições para o setor do transporte de mercadorias, exigindo que o governo adote medidas que não comprometam, uma vez mais, a viabilidade da atividade do setor que representa”.

Quando há dez anos os camionistas portugueses fizeram uma paralisação conseguiram, no âmbito das negociações com o governo, descontos em portagens. 

Na altura pretendiam sobretudo a criação de um gasóleo profissional, ou seja com uma carga fiscal inferior, que acabou por só ser criado com o atual executivo – mas que limita o consumo anual a 30 mil litros e só contempla camiões com 35 toneladas ou mais.

O protesto dos camionistas está a ser acompanhado pela PSP e GNR, que garantem estar prontas para intervir sempre que tal se justificar.

Ontem, ao sétimo dia de greve dos camionistas brasileiros, as consequências eram já muito visíveis, estando 14 aeroportos com falta de combustível e as Forças Armadas nas ruas para evitar a obstrução das vias pelos camionistas.