A Polícia Judiciária ligou o ex-vice-presidente de Angola Manuel Vicente à operação Fizz através de uma pesquisa no Google. O inspetor Bruno Miguel disse esta manhã em tribunal que não põe de parte que a verdade seja diferente do que consta da acusação, lembrando que uma “investigação é dinâmica”.
Quanto à ligações de Manuel Vicente, que surge na acusação como suspeito do pagamento de luvas ao ex-procurador do DCIAP Orlando Figueira, o investigador admite que as mesmas surgiram através da consulta de fontes abertas e não como resultado de qualquer outra diligência.
Bruno Miguel explicou que na sequência da denúncia que dava conta do recebimento de dinheiro ilícito por parte de Figueira oriundo da empresa Primagest, a PJ fez uma pesquisa simples e que isso foi suficiente para que a ligassem à Sonangol, de que Vicente fora presidente.
“O que fizemos foi googlar aqueles nomes e recolhemos uma série de informação que constava online”, adiantou.
Na sessão desta manhã do julgamento Fizz, a testemunha deixou mesmo claro que “a história, a verdade pode ser outra”, referindo que quando a PJ investiga tem “de seguir o que conhece, não o que não conhece”.
Lembrando que “uma investigação equaciona sempre desde o início todos os suspeitos, o inspetor da PJ garante que o banqueiro Carlos Silva, que segundo os arguidos foi quem realmente contratou Figueira e a quem está ligada a sociedade Primagest, “nunca apareceu na investigação”.
Orlando FIgueira é suspeito de ter acelerado e arquivado inquéritos de Manuel Vicente mediante luvas de 750 mil euros, pagas através de um suposto empréstimo e de um contrato de trabalho com a Primagest. Tanto Figueira como o arguido Paulo Blanco negam esta tese e dizem que o convite para trabalhar naquela sociedade partiu do banqueiro Carlos Silva, presidente do Banco Privado Atlântico e vice-presidente do BCP.