Para retirar o país da crise política em que imergiu desde as últimas eleições legislativas, há mais de dois meses, o presidente italiano, Sergio Mattarella chamou Carlo Cottarelli, antigo diretor do Fundo Monetário Internacional, para uma reunião em Roma.
O presidente deverá pedir ao ex-diretor que avance com a formação de um governo provisório, mas este deverá ter dificuldades em obter a aprovação do governo, obrigando à convocação de novas eleições legislativas.
Esta reunião foi marcada depois de o presidente italiano ter recusado aceitar Paolo Savona para a pasta da economia por este ser eurocético, afirmando que "a pertença ao euro é uma escolha fundamental" e que a pertença italiana à moeda única ficaria em risco. Em consequência, Giuseeppe Conte, tecnocrata indicado por Matteo Salvini, da Liga Norte, e Luigi di Maio, presidente do 5 Estrelas, desistiu de avançar com a formação de um governo.
Descontentes com a decisão de Mattarella, os partidos da coligação defendem a realização de novas eleições legislativas. "Numa democracia, se é que ainda estamos em democracia, a única coisa a fazer é deixar os italianos decidir", disse Salvini. Além das eleições antecipadas, o líder do 5 Estrelas defende também a distituição do presidente ao abrigo do artigo 90 da Constituição italiana, que o permite com uma maioria simples, por entender que tomou uma decisão "inaceitável". "Para que serve votar se são as agências de rating quem decide?", escreveu di Maio na sua página de Facebook em reação à decisão do presidente. "É um choque institucional sem precedentes".
Se os partidos da coligação chumbada avançarem para o processo de distituição e este tiver os votos necessários, o Tribunal Constitucional terá de decidir se avança ou não com a sua aplicação.