Não há ainda sinal de que esteja a afrouxar a campanha que tem encorajado sobretudo mulheres, mas também homens, a tornar públicas circunstâncias em que tenham sido alvos de assédio ou abuso sexual. Mais tarde ou mais cedo, todos desconfiam que também isto irá passar. O que talvez surpreenda alguns, é saber que, mesmo neste momento, em que continuam a ser acrescentados nomes à lista negra do #MeToo, além do devastador impacto na imagem pública destas figuras, o movimento não tem conseguido alterar os hábitos de consumo dos espectadores.
É, pelo menos, isso o que indica uma sondagem realizada pela Morning Consult, empresa sediada em Washington e que se dedica a estes levantamentos. Com uma amostra que se ficou por 2002 homens e mulheres nos EUA, as perguntas envolveram 20 nomes de homens acusados de condutas sexuais impróprias nos últimos tempos. O objectivo era saber se o facto de estarem envolvidos em polémicas deste teor era suficiente para levar os espectadores a deixarem de ver um filme ou série caso fosse protagonizada por eles. Na maioria dos casos, a resposta foi um rotundo "não".
Além de Kevin Spacey e Louis C.K., outros nomes na lista são os de James Franco, Jeffrey Tambor e T.J. Miller. Com excepção dos dois primeiros, aos restantes as acusações terão feito pouco para que o público rejeite vê-los encarnar alguma personagem numa ficção televisiva ou cinematográfica.
Mas Spay e Louis C.K. estiveram demasiado tempo sob o foco da atenção mediática, e além do golpe na imagem pública de ambos, dificilmente as suas carreiras irão recuperar inteiramente. 46% dos espectadores dizem que provavelmente não veriam uma obra no caso de Spacey participar no elenco, e a percentagem desce para 38 no caso de Louis C.K. De qualquer modo, em ambos os casos, mais de 30% das pessoas consultadas afirmam que não deixariam de ver o que quer que fosse por causa das revelações envolvendo qualquer deles.