Madrid acordou esta quinta-feira com uma notícia inesperada dada a dois tempos. Quando nada o fazia prever, o Real Madrid anunciou, pelas 11 horas da manhã, que o treinador francês Zinédine Zidane iria prestar declarações, numa conferência de imprensa agendada para as 13 horas.
A informação foi desde logo recebida com estranheza na capital do país vizinho, dado que se contavam cinco dias desde a conquista da Liga dos Campeões – dia em que o técnico se tornou, aliás, o único treinador a alcançar três títulos europeus consecutivos. Com a época 2017/18 oficialmente terminada desde o passado sábado, e sem qualquer explicação adiantada por parte do emblema espanhol para a convocação da conferência de imprensa, o alarme soou de imediato. Instantes depois viria mesmo a confirmar-se o pior cenário para os adeptos merengues.
“Tomei a decisão de não continuar no próximo ano.” Acompanhado do presidente dos blancos, Florentino Pérez, foi desta forma que o técnico de 45 anos confirmou o adeus. “Penso que esta equipa tem de continuar vitoriosa e para isso precisa de uma mudança. Precisa de outro discurso e de outra metodologia de trabalho”, assegurou.
Mudança de ideias e surpresa total Foi há dois meses, mais precisamente a 30 de março, que Zidane garantiu que queria permanecer no Real Madrid o “máximo possível”. À data, na antevisão do encontro do Real Madrid com o Las Palmas, o técnico respondia: “Se depender de mim, continuo no Real Madrid, a minha ideia é continuar o máximo tempo possível. Faço o que gosto e tenho muitas ganas de continuar.” Aparentemente sem razões para a mudança radical de ideias, a verdade é que, nas justificações apresentadas esta quinta-feira, o ex-jogador disse apenas que se “deve saber quando é altura de sair”. “Há etapas na vida em que se tem de saber parar. Faço isto para bem da equipa. Se continuasse, seria complicado ganhar para o ano que vem. Se tenho a sensação de que não vou ganhar, é preciso fazer uma mudança”, afirmou. A novidade apanhou, de resto, todo o plantel do Real Madrid de surpresa. Zidane confirmou, depois, que não falou pessoalmente com nenhum dos futebolistas, tendo apenas revelado a sua decisão ao capitão da equipa, Sergio Ramos.
De acordo com o espanhol desportivo “Marca”, os jogadores do Santiago Bernabéu acreditavam mesmo que a conferência seria sobre um anúncio de renovação.
Chega, assim, ao fim o percurso histórico de Zidane nos comandos do Real, dois anos e meio depois de ter chegado ao cargo. Recorde-se que o francês aterrou no Bernabéu em janeiro de 2016 para render o técnico espanhol Rafa Benítez.
Com nove títulos conquistados em 13 possíveis, Zidane despede-se como o segundo treinador mais titulado da história do Real Madrid, sendo apenas superado pelo mítico Miguel Muñoz (14 troféus). Além das três Champions já referidas (2016, 2017 e 2018), o francês colecionou ao serviço dos blancos uma Liga Espanhola (2017), uma Supertaça (2016/17), dois Mundiais de Clubes (2017 e 2018) e, também por duas vezes, a Supertaça da UEFA (2017 e 2018).
No discurso de despedida, o técnico, que representou os merengues enquanto jogador entre 2001 e 2006, revelou também que “não procura outras equipas”.
Os possíveis sucessores de Zidane O presidente do Real Madrid, Florentino Pérez, confessou que gostaria de ter convencido Zidane a permanecer no cargo e que este era um momento triste para o clube. Porém, o líder dos blancos lembrou que, apesar de “ninguém estar preparado para uma notícia destas”, é preciso “assimilar” e seguir em frente. É nesse sentido que o clube parece estar a trabalhar. De acordo com a imprensa espanhola, há já vários nomes em carteira no que diz respeito aos possíveis sucessores de Zidane.
Os nomes que estão em cima da mesa até ao momento são: Joachim Löw, atual selecionador alemão; Jürgen Klopp, atual treinador do Liverpool; Mauricio Pochettino, orientador do Tottenham; Arsène Wenger, que saiu há bem pouco tempo do Arsenal; e Guti, antigo jogador do Real Madrid que atualmente apresenta trabalho nas camadas jovens do clube do Bernabéu. Contudo, e apesar da mão-cheia de hipóteses avançada durante o dia de ontem, Pochettino parece liderar a corrida ao cargo deixado vago. O argentino, que acabou de assinar contrato com os spurs até 2023, tem uma cláusula que lhe permite sair caso surja um convite de um colosso europeu, como é o caso do Real Madrid, e parece mesmo ser o principal alvo da direção merengue.