Ainda se reviam as imagens da apresentação de Jorge Jesus aos sauditas do Al–Hilal quando o Sporting voltou a chamar para si todas as atenções.
O presidente leonino, Bruno de Carvalho (BdC), convocou pela manhã desta quarta-feira os órgãos de comunicação social para uma conferência de imprensa, num anúncio que chegou imediatamente a seguir a conhecer-se nova demissão no clube, desta feita por parte de Guilherme Pinheiro, da SAD do Sporting. O administrador demissionário era o responsável pela pasta das relações com o mercado e ao final da manhã de ontem renunciou ao cargo, após o negócio da transferência do guarda-redes Rui Patrício para os ingleses do Wolverhampton ter caído por terra.
Apesar das saídas praticamente diárias que têm vindo a acontecer no universo verde-e-branco – entre órgãos sociais, pedidos de rescisão de atletas, treinador e membros da administração da SAD –, o líder do emblema de Alvalade apresentou-se ao início da tarde para, acima de tudo, deixar claro que o conselho diretivo (CD) é o único órgão em funções. Posto isto, Bruno de Carvalho recusou a assembleia-geral (AG) extraordinária que visa a destituição do CD, marcada para dia 23 de junho, no Altice Arena, em Lisboa, pela voz do presidente demissionário da mesa, Jaime Marta Soares. “Está toda a gente maluca?”, questionou, referindo-se às exigências de demissão do conselho diretivo.
“A antiga mesa tinha pedido uma AG que não vai haver, eles não são a mesa. Se querem uma assembleia-geral destitutiva, entreguem as assinaturas. O primeiro subscritor pode estar presente nos serviços administrativos e, se cumprirem os preceitos legais, será feita”, declarou, reiterando a posição que tem vindo a assumir desde que o órgão social se demitiu do clube, momentos depois das agressões ocorridas na academia de Alcochete.
As AG que vão acontecer De resto, BdC, que ao longo das últimas semanas já tem vindo a descredibilizar todas as manobras levadas a cabo pela mesa da assembleia-geral (MAG), bem como pelo conselho fiscal e disciplinar (CFD) – que, recorde-se, também perdeu a maioria dos seus elementos após o ataque ao plantel leonino –, falou das ilegalidades do processo na marcação daquela AGtendo em conta que a mesma foi agendada por pessoas que já não desempenham qualquer função ou cargo no clube.
“Não fomos nós que os corremos, eles é que se demitiram. Quem se quis ir embora foram a mesa e o conselho fiscal”, referiu, salientando, como aliás também tem sido hábito nas suas várias aparições, que o CD está “legitimamente a cumprir o mandato”. “De repente, ao ouvir uma série de sportinguistas no brunch frente ao Visconde, onde ouvi pessoas muito intelectuais, ficámos com a sensação que as pessoas não sabem o que é uma democracia. Nós fomos eleitos e nós é que temos de nos demitir? Estamos a cumprir o nosso mandato. Estamos a cumprir a democracia”, continuou, num discurso em que reforçou que tanto a MAG como o CFD andam a “incomodar” os trabalhos que estão a ser desenvolvidos pela estrutura diretiva.
Bruno de Carvalho foi ainda mais longe e afirmou mesmo que os “problemas” que existem relacionados com a emissão obrigacionista de 15 milhões de euros, prevista pela SAD do clube para este mês de junho, são responsabilidade do antigo presidente da mesa. “A responsabilidade de esta operação estar parada deve–se a Jaime Marta Soares”, assegurou, ao mesmo tempo que garantiu que o conselho diretivo “cá estará de novo para resolver”.
Depois de confirmar que a AG destitutiva não vai ser realizada, o líder do Sporting fez saber que neste mês de junho vão acontecer, efetivamente, duas reuniões magnas, mas que nenhuma delas contempla a possível saída da direção. “Está marcada uma assembleia-geral para dia 17 de junho, que é obrigatória, por causa do orçamento” e “uma assembleia-geral eleitoral para quem se foi embora [MAG e CF]”, no dia 21 também deste mês.
O melhor para Jorge Jesus O treinador que se desvinculou dos leões, por mútuo acordo, nesta terça-feira, apesar de o contrato inicial prever a sua estadia no Sporting até 2019, foi outro dos temas abordados na conferência de imprensa.
Sem querer alongar-se muito sobre o agora antigo técnico, que já foi entretanto confirmado no emblema da Arábia Saudita, BdC adiantou que só “deseja o melhor para Jorge Jesus” e que até já tem combinado com o técnico “um almoço no Ritz”. “A comunicação social disse que era um drama descomunal porque o Sporting teria de pagar uma indemnização fabulosa. Depois, que Jorge Jesus chantageou porque também ia apresentar a demissão por justa causa. Agora, o dossiê está fechado, não houve indemnizações […] Cada um seguiu o seu caminho”, concluiu.
Com a saída do amadorense do comado técnico da equipa, os holofotes estão cada vez mais voltados para os possíveis substitutos de JJ. Apesar dos vários nomes que a SAD leonina já tem em carteira, como é o caso de Ricardo Sá Pinto, Daniel Ramos ou Luiz Felipe Scolari, o líder do emblema de Alvalade preferiu não se adiantar sobre o assunto. “Está definido o perfil, é homem”, disse apenas quando confrontado com os possíveis sucessores do técnico de 63 anos.
Mais ativos em risco Depois de Rui Patrício e Podence, Marcos Acuña e Rodrigo Battaglia são os dois jogadores que podem estar a horas de apresentar a carta com o pedido de rescisão por justa causa com o clube leonino. Além dos dois médios, ficou a saber-se, ainda durante o dia de ontem, que Piccini pode estar muito perto de seguir pela mesma via dos colegas. “Já ouvi que a Roma demonstrou interesse e ele, considerando os problemas que tem havido no Sporting, poderá voltar a Itália. Depois do que aconteceu nos últimos meses, o Piccini poderá deixar o Sporting”, declarou o internacional português Nuno Gomes à Tele Radio Stereo.