A pouco menos de quinze dias de ser conhecido o relatório do grupo de trabalho criado pelo governo para estudar os impactos e cenários da mudança do Infarmed para o Porto, os trabalhadores da autoridade do medicamento são perentórios: a esmagadora maioria não concorda com a mudança nem está disposta a mudar de cidade.
Os resultados de um segundo inquérito feito aos trabalhadores foi divulgado esta tarde pela comissão de trabalhadores do Infarmed, que promoveu o escrutínio. Responderam 304 funcionários num universo de 356 e a comissão de trabalhadores fala de uma "vontade expressiva e inequívoca de rejeição da deslocalização desta Autoridade para a cidade do Porto".
De acordo com a informação enviada à imprensa, 99% dos trabalhadores não concorda com a deslocalização do Infarmed para o Porto e só 22 funcionários estariam disponíveis para mudar de cidade caso esta relocalização se concretize. Segundo o inquérito, o Infarmed perderia 279 trabalhadores, já que 92,4% dos funcionários não estão disponíveis para a mudança.
A esmagadora maioria dos trabalhadores (97%) entende por fim que o impacto para a missão e desempenho do Infarmed de uma eventual mudança desta Instituição para a cidade do Porto seria negativo. Sete trabalhadores admitem que seria neutro. E nenhum vê vantagens.
Em entrevista ao i esta semana, a presidente do Infarmed Maria do Céu Machado não se quis comprometer, dizendo que a instituição está a aguardar calmamente pelo desfecho deste dossiê.
Na próxima terça-feira, 26 de junho, a comissão de trabalhadores do Infarmed dará nota pública do trabalho que tem sido feito de avaliação do impacto de uma eventual mudança para o Porto. A decisão do governo de mudar o Infarmed para o Porto foi anunciada pelo ministro da Saúde em novembro, depois de ser conhecida a derrota na corrida europeia para que a cidade acolhesse a sede da Agência Europeia do Medicamento. A intenção do governo apanhou de surpresa trabalhadores e a própria direção do Infarmed e foi contestada desde a primeira hora. O governo tem insistido que se trata de uma decisão política, mas os pareceres técnicos deverão ter a última palavra.