A ministra dos Assuntos Europeus da Irlanda esteve esta quarta-feira em Lisboa e foi ouvida na Comissão Parlamentar de Assuntos Europeus da Assembleia da República. Helen McEntee falou do Brexit – assunto que diz ser abordado “em todas as conversas em casa ou fora” – e referiu que está preocupada com a “falta de progressos substanciais” no que diz respeito à fronteira entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte.
A questão “é absolutamente decisiva” para a Irlanda, frisou, referindo o Acordo de Paz de Sexta-Feira Santa (1998), que pôs fim a três décadas de confrontos entre nacionalistas e unionistas através do reforço dos laços entre os dois territórios e a cooperação “em muitos setores”.
Helen McEntee afirmou que, na quinta-feira, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e o principal negociador europeu para o Brexit, Michel Barnier, vão a Dublin para avaliar o impacto da “falta de progressos” quanto à fronteira nas negociações.
Recorde-se que, após o Brexit, a fronteira irlandesa será a única fronteira terrestre entre o Reino Unido e a União Europeia (UE). O governo britânico concorda com a necessidade de evitar a introdução de uma fronteira física, mas recusa o plano da UE de, caso de não se chegue a um acordo, a ilha ficar totalmente incluída na união aduaneira.
A ministra irlandesa recordou que o acordo de divórcio entre o Reino Unido e a UE “deve estar pronto em outubro”, para dar tempo para a ratificação por todos os Estados-membros até à data oficial de saída, 29 de março de 2019.
Como prioridades da Irlanda nas negociações, Helen McEntee referiu a proteção da “integridade do mercado único e da união aduaneira”.
Ainda na comissão parlamentar de ontem, questionada pelos deputados portugueses sobre a questão da imigração, Helen McEntee defendeu que os Estados-membros da UE têm de trabalhar em conjunto, de “forma cooperativa e apoiar as operações que acontecem no Mediterrâneo”.