Manifestações na Nicarágua já fizeram 212 mortos

Relatório da Comissão Interamericana acusa o governo de violar os direitos à vida e impedir o acesso à justiça

O número de mortos causados pelos protestos na Nicarágua já superou as duas centenas e a crise política está longe de ter chegado ao fim. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) anunciou hoje, sexta-feira, que desde o início das manifestações já morreram pelo menos 212 pessoas, 1337 foram feridas devido à “ação repressiva do Estado”. Até ao dia 6 de junho, diz a comissão, 507 pessoas tinham sido detidas.

"A Comissão conclui que o Estado da Nicarágua violou os direitos à vida, integridade pessoal, saúde e liberdade de expressão e acesso à justiça", afirma o relatório da CIDH.

Tudo começou com uma revolta popular contra as medidas aprovadas pelo governo – cortes nas pensões e aumento das contribuições fiscais dos trabalhadores – a 18 de abril e desde aí os protestos nunca mais pararam.

O governo nicaraguense criticou o documento de 97 páginas, considerando-o “parcial”, garantindo o ministro dos Negócios Estrangeiros, Denis Moncada Colindres, que na Nicarágua não “é política de Estado a repressão das forças sociais”. A Nicarágua “rejeita de forma integral o relatório da CIDH por considerá-lo totalmente parcializado”, disse o governante numa intervenção no Conselho Permanente da Organização de Estados Americanos, em Washington.