Estados Unidos e Rússia chegaram ontem a acordo sobre a realização de uma cimeira entre Donald Trump e Vladimir Putin. Os dois chefes de Estado pretendem melhorar as relações diplomáticas, mas também abordar questões de segurança, sem, no entanto, referirem quais. A cimeira será organizada num país terceiro, com a Finlândia e a Áustria a serem referidas como possíveis alternativas, e realizar-se-á este verão. Os detalhes finais da cimeira serão anunciados amanhã.
A cimeira foi anunciada depois de o conselheiro de segurança nacional dos EUA, John Bolton, se ter encontrado ontem com Putin no Kremlin. Além da cimeira, foi discutido o controlo de armas nucleares, segundo explicaram fontes russas ao “Guardian”. “Tenho de dizer com pesar que as relações russo-americanas não estão na melhor forma”, disse Putin a Bolton, acrescentando que isso se deve a “uma aguda luta interna nos Estados Unidos”. No entanto, Putin não se coibiu de dizer que a visita de Bolton lhe deu esperança de que “se possam dar os primeiros passos no reavivar das relações” entre os dois governos. “A Rússia nunca procurou o confronto”, garantiu Putin ao conselheiro norte-americano.
Por sua vez, Bolton garantiu que mesmo quando os dois países “tinham diferenças”, os “líderes e conselheiros encontravam-se. Acho que isso foi bom para os dois países, bom para a estabilidade no mundo”, acrescentando que “o presidente Trump está muito confiante” quanto aos resultados da cimeira.
Se Putin vê a cimeira com esperança, os governos europeus, principalmente o britânico, parecem não partilhar desse otimismo. Há muito que Londres deseja isolar Moscovo na arena internacional, principalmente desde a polémica do envenenamento do ex-espirão russo Sergei Skripal e da sua filha, Yulia. Entre as preocupações dos aliados europeus de Washington encontra-se também o compromisso do presidente Trump para com a NATO.
Recorde-se que Washington e Moscovo têm estado em lados opostos da barricada em vários assuntos. Guerra civil na Síria e na Ucrânia, alargamento da NATO, alegada interferência russa nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016, cibersegurança e armas nucleares são alguns dos temas mais sensíveis para as relações bilaterais.
Ainda que se desconheça a data concreta do encontro, sabe-se que apenas se realizará depois da cimeira da NATO (11 e 12 de julho) e da visita de Trump ao Reino Unido (13 de julho), onde se reunirá com a primeira-ministra britânica Theresa May.