O ministro do Trabalho, Vieira da Silva, abriu o debate desta sexta-feira sobre o acordo de concertação social a defender que as medidas do executivo servem para combater “a precariedade” e representam “uma bateria de instrumentos de sentido inequívoco de progresso dos direitos e da igualdade”.
Mas a esquerda não está convencida. O PCP, pela voz de Francisco Lopes, avisou o governo que não se pode substituir “uma forma de precariedade por outra forma de precariedade”. A sua camarada de bancada, Rita Rato, acrescentou mais argumentos ao rol de críticas. “ O Governo insiste em manter a caducidade da contratação coletiva e recusa a reintrodução do princípio do tratamento mais favorável ao trabalhador. Opta pelo caminho da aceitação e legalização da precariedade e não da erradicação da precariedade”.
Os bloquistas lançaram o derradeiro repto ao PS para que não alinhe a 100 por cento com o Governo no momento das votações: “Olhos nos olhos vos digo: não acredito sinceramente que os deputados socialistas possam aceitar esta barbaridade”, afirmou José Soeiro.
Para os sociais-democratas o que está em causa é mais grave: “É a credibilidade do Governo, do primeiro-ministro”. As palavras da deputada Clara Marques Mendes serviram para ilustrar as dúvidas sobre as alterações ao acordo em sede de especialidade, que podem contrariar o texto que foi assinado com as confederações patronais e a UGT. O centristra Filipe Anacoreta Correia não foi tão longe, mas acusou o PS de tentar fazer “uma maioria AD HOC”, colocando em causa a palavra dada no acordo de concertação social.
O PS reiterou que está disponível para viabilizar alguns projetos dos parceiros de esquerda. O socialista Tiago Barbosa Ribeiro terminou a sua intervenção reconhecendo que o PS não tem a maioria parlamentar mas está disponível para dialogar com todas as forças, sobretudo quem está “comprometido com o combate à precariedade”. Ou seja, voltou a lançar um apelo à esquerda.
As votações serão feitas no final do debate e o PS já entregou um pedido para baixar a proposta do governo sem votação nos próximos sete dias.