Os serviços secretos atribuíram o terceiro nível de ameaça – numa escala de cinco e que significa risco «significativo» – ao evento que trouxe mais de 45 mil pessoas a Lisboa por estes dias: as comemorações do jubileu do príncipe Aga Khan, que estão a decorrer no Parque das Nações até 11 de julho. O líder espiritual da comunidade ismaelita chegou ontem a Portugal, mas só terá agenda oficial na segunda-feira. E o verdadeiro teste à PSP, que tem a cargo a operação de segurança, será garantir a segurança do Príncipe, que arrasta multidões.
No terreno estarão praticamente todas as valências da polícia – entre equipas de intervenção rápida, informações, snipers, trânsito, Corpo de Segurança Pessoal, minas e armadilhas e a cinotecnia. A dimensão do evento será de tal ordem que o Parque das Nações tem estado parcialmente interdito, com um perímetro de segurança maior do que o que vigorou no Festival Eurovisão da Canção (englobando agora a FIL e a Praça Sony).
A operação «centrada, essencialmente, na proteção» de Aga Khan, conforme descreveu ao SOL uma fonte da PSP, foi parcialmente testada nos dias da Eurovisão, que decorreu em maio também no Parque das Nações. «A máquina está bem oleada», garante a mesma fonte. Do ponto de vista da segurança, o Corpo de Segurança Pessoal (CSP) da PSP é das valências mais sobrecarregadas com o evento.
A agenda do Príncipe começa segunda-feira, no Palácio de Belém, com uma reunião com o Presidente da República, MarceloRebelo de Sousa. Mais tarde, o almoço será com o primeiro-ministro, António Costa, no Palácio Foz. E, à noite, em Queluz, Marcelo oferecerá um banquete privado ao Príncipe.
No dia seguinte, terça-feira, Aga Khan discursa na sala do senado da Assembleia da República e, a seguir, almoça em S. Bento, a convite do presidente do Parlamento, Eduardo Ferro Rodrigues. De tarde, o Príncipe visita as obras de reabilitação que decorrem no Palacete Mendonça, junto ao El Corte Inglês, que no início do próximo ano vai albergar a sede mundial dos ismaelitas, como foi acordado com o Estado português em 2015.
Já na quinta-feira, no centro ismaelita nas Laranjeiras, haverá um encontro com o ministro da Ciência, Manuel Heitor, e 16 bolseiros que estão a desenvolver projetos financiados através de um acordo celebrado entre o governo e Aga Khan e que prevê a entrega de 10 milhões de euros durante dez anos.
Agha Kan, 81 anos, assumiu a liderança do Imamat Ismaili em 1957, após a morte do avô. Tinha 20 anos. Fundou, mais tarde, a Rede Aga Khan para o desenvolvimento, um conjunto de agências humanitárias, entre as quais a Fundação Aga Khan Portugal. Tem dois aviões, um iate estacionado na Sicília e propriedades pelo mundo fora. Comprou, aliás, uma ilha onde já recebeu o Primeiro-Ministro do Canadá, Justin Trudeau.
Em Portugal, a comunidade ismaelita, um ramo de um ramo do Islão (os xiitas), tem entre 8 a 10 mil membros e aumentou em número depois da independência de Moçambique, onde existia uma ampla comunidade, emigrada da Índia.