A decisão de Washington foi considerada por Pequim como uma forma de “bullying completamente inaceitável” e a China pediu a outros países que se lhe juntem na proteção do comércio livre e do multilateralismo. Ao mesmo tempo garante que se vai queixar junto da Organização Mundial de Comércio, mas sem especificar quais serão as medidas de retaliação.
A reação surgiu horas depois da administração Trump ter revelado uma lista de produtos, que vão desde aspiradores a limpa para-brisas, passando por colheres de prata, cabeleiras postiças, marisco, fruta e vegetais, fio de algodão, lã, casacos impermeáveis ou luvas de basebol, sobre os quais quer impor tarifas de 10%.
A 6 de julho tinham entrado em vigor as novas tarifas aplicadas a produtos chineses e norte-americanos, no valor de 50 mil milhões de dólares de cada um dos lados. O presidente norte-americano tinha avisado que, se a China retaliasse, poderia impor tarifas sobre o equivalente a mais 200 mil milhões de dólares em produtos chineses entrados nos EUA, que se juntam aos 50 mil milhões.
A Casa Branca prepara-se para mais uma “ronda de tarifas” sobre produtos chineses, que se entrarem em vigor depois do fim das consultas públicas, a 30 de agosto, vão atingir quase metade das importações norte-americanas da China.
Alguns membros do Partido Republicano consideram esta guerra comercial “imprudente”, enquanto empresários e economistas avisam que poderá fazer descarrilar a mais forte recuperação económica em muitos anos.
As taxas surgem também numa altura que os EUA procuram a colaboração da China na questão da Coreia do Norte, mas, como faltam negociações formais, parece que as duas potências estão a caminho de um conflito comercial prolongado.
Na semana passada a autoridade monetária dos EUA alertava para os “riscos associados à política comercial”. Em 2017, os EUA importaram 505 mil milhões de dólares em produtos da China e exportaram cerca de 130 mil milhões, o que resultou num défice de 376 mil milhões de dólares, de acordo com dados norte-americanos.