Manuel Monteiro não descarta a hipótese de voltar ao CDS, apesar de a ideia não ter sido bem recebida pelos centristas mais próximos de Paulo Portas. Monteiro, que liderou o partido entre 1992 e 1996, saiu há 15 anos em rutura com Portas para fundar o Partido da Nova Democracia – um projeto de direita que acabou devido ao insucesso eleitoral.
Manuel Monteiro admitiu ao jornal i que, se voltar a ter intervenção política «mais intensa», será no CDS. «Se eu decidir regressar à política fá-lo-ei no CDS, reinscrever-me-ei, porque creio que o CDS pode protagonizar um espaço mais alargado da direita e do centro-direita português».
A aproximação tem sido gradual desde que Assunção Cristas chegou à liderança. Monteiro já participou em ações de campanha e em debates promovidos pelo partido. Um cenário impensável quando Paulo Portas era o líder incontestado.
Nos últimos tempos, Monteiro tem conversado com algumas pessoas do partido sobre esta possibilidade. O regresso será sempre polémico e já houve manifestações públicas a favor e contra. Assunção Cristas até admitiu que o regresso do ex-líder traria «ao de cima mágoas» e colocaria «algumas pessoas numa posição desconfortável». A vice-presidente do partido, Cecília Meireles, foi mais longe e lembrou que Monteiro «decidiu abandonar o CDS para fazer outro partido».
Há também quem, no CDS, seja adepto de que Manuel Monteiro faz falta. Abel Matos Santos, porta-voz da Tendência Esperança em Movimento (TEM), diz ao SOL que existem condições para o ex-líder voltar «já» ao partido. «Aquilo que Manuel Monteiro tem para dar ao CDS e ao país é de tal maneira importante que o CDS não pode ter outra atitude que não seja a de o acolher e saudar o seu retorno». O ex-deputado Raúl de Almeida também defendeu que «é tempo de sarar velhas feridas e de o partido se reconciliar com o seu passado».
Numa entrevista ao Diário de Notícias da Madeira, em junho, Monteiro confessou que há dias em que lhe «apetece imenso regressar», mas não quer cargos. «Não na perspetiva de me candidatar ou a deputado, ou a presidente do partido, nada disso. Acho que isso teve um período, teve um tempo».
Monteiro saiu em 2003 devido à mudança de posição do CDS em relação à política europeia, mas também devido à zanga com Paulo Portas. Numa entrevista à revista Sábado, em 2012, admitiu que «o PP foi um sonho que podia ter sido algo de ímpar e inovador na vida política portuguesa, mas que se destruiu pela zanga com Paulo Portas». Alguns militante que saíram com Monteiro para fundar o PND já regressaram ao CDS