A juíza encarregue do caso Hells Angels, Maria Antónia Andrade, decidiu ontem à tarde manter em prisão preventiva 39 dos 58 detidos a semana passada, no âmbito da investigação do Ministério Público (MP) coadjuvada com a Polícia Judiciária (PJ). Segundo o comunicado do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, três dos 39 detidos poderão passar a prisão domiciliária.
Os restantes 19 saíram em liberdade, mas com algumas condicionantes: estão sujeitos a apresentações periódicas à polícia, estão proibidos de frequentar concentrações de motards – incluindo a que irá decorrer já este fim de semana em Faro – , não podem ausentar-se para fora da área do concelho onde vivem e de viajar para o estrangeiro, “devendo entregar à ordem dos autos o seu passaporte se o possuírem, no prazo de cinco dias”.
Na terça-feira de manhã a juíza acabou de ouvir os advogados de defesa pronunciarem-se sobre as medidas de coação apresentadas na segunda-feira pelo MP – que tinha pedido prisão preventiva para 54 dos 59 detidos (um deles encontra-se na Alemanha).
Recorde-se que os 59 indivíduos foram detidos no âmbito da megaoperação levada a cabo pela Unidade Nacional Contraterrorismo da PJ, que na semana passada realizou buscas a várias sedes do grupo de motards, tendo inicialmente detido 56 suspeitos. Na passada quinta-feira, o número subiu para 59, com a detenção de mais três indivíduos, um deles na Alemanha.
Após a detenção, os arguidos começaram por ser identificados nas 48 horas seguintes, com os interrogatórios a arrancarem na quinta-feira. A maior parte dos suspeitos decidiu remeter-se ao silêncio, com apenas quatro a pronunciarem-se sobre os factos que aconteceram em março no restaurante em Prior Velho.
Na passada quarta-feira, a coordenadora da investigação disse em conferência de imprensa que a PJ tem “vindo a acompanhar algumas práticas criminosas” do grupo de motards e que as agressões em Prior Velho foram a primeira manifestação do grupo, que com cerca de 100 indivíduos tentou “eliminar a concorrência”.
Entre os detidos estão cinco estrangeiros – quatro alemães e um finlandês. Por isso, as autoridades portuguesas emitiram mandados de detenção internacional contra outros membros do grupo que vivem em Portugal, mas não se encontram de momento no país.
Em causa estão “tentativas de homicídio, de roubo, de ofensas à integridade física qualificada, crimes de dano e associação criminosa, que em si mesmo também é ilícito penal”.
A operação da PJ decorreu uma semana e meia antes da concentração anual de motards em Faro. Segundo o “Observador” o Serviço de Informações de Segurança alertou as autoridades, de que o grupo liderado por Mário Machado estava a planear vingar-se dos Hells Angels no evento que irá decorrer este fim de semana.