Sendo eu uma pessoa dos conteúdos até pode soar estranho este título. Podem até acusar-me de ‘traição’ quando numa era em que só se fala de conteúdos eu lanço a discórdia com um detox dos mesmos.
Em minha defesa um disclaimer inicial: os conteúdos são a cena do momento, são o que move as pessoas, são o entretenimento relevante, são o ponto diferenciador, são ‘cherry on the top’ convertidos em ‘must have’.
Mas a verdade é que vivemos numa era de ‘overdose’ de conteúdos.
Se olharmos para os ‘big numbers’ estimam-se 500 milhões de tweets por dia, 4.3 biliões de posts no Facebook por dia e 4 milhões de horas de vídeo uplaoded no Youtbube por dia.
Tanto para ver, para consumir, para assimilar, estaremos nós então a tirar o verdadeiro partido de todo o (bom) conteúdo que se anda a produzir pelo mundo?
Tivéssemos nós todo o tempo do mundo e talvez fosse mais fácil responder a esta questão. A verdade é que se lutamos diariamente para ver aqueles conteúdos que queremos mesmo ver, imaginem todos os que nos escapam neste balanço difícil.
E aqui falo não só enquanto consumidora de conteúdos, mas também criadora dos mesmos que deve conhecer o que se faz, inspirar-se, trazer inovação e imaginar sempre mais e melhor.
Como levar a cabo este trabalho se o tempo não nos permite fazer a devida análise de tudo o que já existe?
Por isso acho que o ‘content detox’ devia ser uma das tendências a ser seguidas por criadores e consumidores, não numa vertente de ‘zero’ conteúdos mas apostando num tempo de qualidade para das duas uma: ver tudo o que temos na nossa lista e ainda não conseguimos consumir avidamente ou não ver nada para nos guardarmos para os melhores após uma fase de descanso.
Ambas as abordagens têm vantagens e podem trazer o foco necessário para fazer a triagem do overload de conteúdos que invadem a nossa mente diariamente.
Do ponto de vista profissional este ‘detox’ pode ser um momento de inspiração e de encontro do ‘santa graal’, do ultimate conteúdo que promete ser a pedra no charco da comunicação das marcas.
De ponto de vista pessoal pode ser o momento perfeito para desligarmos do mundo e nos deixarmos levar pelo mais profundo dos entretenimentos
Seja qual for a sua abordagem tempo e conteúdo estão cada vez mais interligados e quando trabalhamos as marcas devemos pesar sempre a qualidade, a relevância, a taxa de esforço e até a paciência do consumidor.
Claro que para ideias geniais e conteúdos espetaculares todos arranjamos sempre tempo, mas a verdade é que ser espetacular sempre é tarefa só de galácticos… e às vezes nem esses.
*Diretora Criativa Havas Sports & Entertainment