Depois de Mário Centeno ter dito, numa entrevista ao jornal Público, que "não é possível pôr em causa a sustentabilidade de algo que afeta todos, só por causa" da contabilização das horas de serviço dos professores, o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, defendeu que o "senhor ministro das Finanças tem de ter mais respeito por quem trabalha, neste caso pelos professores".
Mário Centeno falava sobre o Orçamento de Estado para 2019, sendo que um dos focos da entrevista foi para os professores. O ministro considera que o OE "é um exercício complexo e para todos os portugueses. Temos de propor um orçamento que seja sustentável, que olhe para o futuro e mostre a continuação do caminho que temos vindo a seguir até aqui".
Na entrevista, o ministro das Finanças disse que "a dinâmica da carreira dos professores e das regras estabelecidas significa que, ao longo deste ano, 46 mil professores vão progredir e, embora esse impacto financeiro seja desfasado, este ano é de 37 milhões de euros. O OE para 2019 terá uma verba adicional de 107 milhões de euros para fazer face às progressões. Essa aceleração não tem paralelo nas outras carreiras da administração pública". Centeno sublinhou que “temos um orçamento, repito, que é para todos os portugueses e que tem de ser sustentável" e que o Governo "tomou muitas decisões com incidência na carreira dos professores e a primeira foi assumir a contagem do tempo com descongelamento".
Em reação a esta entrevista, o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira disse que "o OE serve para servir o Estado português e os portugueses e os professores são trabalhadores profissionais cuja vida é preparar o país, preparar os nossos jovens, as futuras gerações do nosso país". Mário Nogueira aproveitou ainda paradeixar um aviso a Centeno: "senhor ministro das Finanças tem de ter mais respeito por quem trabalha, neste caso pelos professores".
"Achamos que é de muito mau. Do ponto de visto dos professores, de facto, não é aceitável e é quase uma provocação vir dizer que os professores são agora reféns de um OE, onde o senhor ministro e o Governo não têm qualquer tipo de problema em usar milhares de euros do erário publico para tapar buracos causados na banca por corruptos, por má gestão, para pagar aos agiotas internacionais juros absolutamente obscenos. Para isso não há problema, mas para aquilo que é básico, elementar e justo, aí já é um problema de sustentabilidade de contas públicas", afirma o secretário-geral. Mário Nogueira afirma, ainda, que as declarações do ministro são “inaceitáveis e desrespeitam o compromisso que o Governo tem com os professores".
Mário Nogueira sublinha que "o que os professores querem não é nada que seja ilegítimo, mas simplesmente que o tempo que cumpriram a trabalhar na escola com os seus alunos seja reconhecido”.