Tatiana Monteiro acusou, durante a assembleia municipal extraordinária, António Santos Ribeiro, deputado municipal eleito pelo ‘Movimento Rui Moreira: Porto, o Nosso Partido’, de racismo e de ter praticado um discurso de ódio.
A acusação foi feita já depois da meia-noite, esta quarta-feira, e Rui Moreira, juntamente com alguns vereadores, já tinha abandonado a Assembleia, mas ainda assim fez com que os presentes se exaltassem.
De acordo com a Agência Lusa, antes de discursar, interrogaram Tatiana Monteiro para saber se esta se apresentava enquanto munícipe ou enquanto “candidata a deputada”, visto que a própria fez parte de listas do Bloco de Esquerda nas últimas autárquicas. Foi ainda explicado à portuense que não se poderia dirigir “a um deputado em particular em tons não adequados”.
“No passado dia 22 de julho, deparei-me com um texto de teor racista nas redes sociais (..) tendo reagido no sentido de alertar para o facto de que tais situações devem ser denunciadas como discurso de ódio. No seguimento dessa minha tomada de posição, vi-me rapidamente envolvida numa situação de violência declarada, na qual o agressor está perfeitamente identificado. O seu nome é António Santos Ribeiro, deputado municipal eleito pelo Movimento Rui Moreira: Porto, o Nosso Partido. O comportamento de António dos Santos Ribeiro é não só eticamente reprovável, como também marginal à lei e, nesse sentido, será tratado no local próprio”. Foram estas as palavras de Tatiana Monteiro.
A munícipe referia-se a uma publicação de António dos Santos Ribeiro, cujo título era Ciganos romenos no Porto: “Não, não sou racista nem xenófobo, mas sou declaradamente contra quem recusa qualquer tipo de ajuda social e prefere continuar a viver da mendicidade e do pequeno furto e continuar a dormir em jardins públicos conspurcando os terrenos que são de todos nós (…). Qual é a solução? Não sei se alguém sabe, mas há que refletir sobre a situação e encontrar rapidamente formas eficazes de proteger os cidadãos destes energúmenos”.
A SOS Racismo também tomou uma posição e disse que é “particularmente grave que um responsável autárquico, com funções de representação do povo que o elegeu, difunda e torne públicas mensagens de natureza discriminatória, em afirmações pontuadas por preconceitos e por insultos”. Para a organização, o caso é ainda pior, uma vez que David Ribeiro (nome fictício utilizado pelo deputado no Facebook) “insiste na culpabilização de quem o denuncia, revelando complacência com comentários de índole racista, sexista e violenta”.
Esta queixa gerou uma acesa troca de palavras entre os deputados. Pedro Batista, também deputado independente, saiu em defesa do seu companheiro de bancada e chamou “demagogos” a outros eleitos. Por sua vez, Gustavo Pimenta (PS) e Artur Ribeiro (CDU) pediram para as intervenções serem de nível elevado e António Fonseca, presidente da Junta do Centro Histórico, afirmou existirem “situações preocupantes”.
O deputado visado, António dos Santos Ribeiro, defendeu-se.
“Eu, que até sou adepto do Boavista, se disser que um jogador mexicano do FC Porto não joga nada é considerado racismo?”, argumentou.