Portugal tem o maior centro de reabilitação marinha da Europa, chama-se ECOMAR e localiza-se na Gafanha da Nazaré. O Centro resulta de uma excelente parceria entre a Universidade de Aveiro a Sociedade Portuguesa de Vida Selvagem, a Câmara Municipal de Ílhavo e o Porto de Aveiro, entre outros parceiros e apoiantes desta nobre iniciativa.
Alertas lançados por pescadores, por desportistas náuticos, pelas autoridades ou pelo cidadão comum que passeia à beira-mar e avista um animal marinho ferido, são a ignição para a entrada em ação do Centro que dispõe de equipas em permanente estado de prontidão.
A experiência da equipa é vasta, pois, desde a fundação do primeiro Centro, em Quiaios (atualmente parte integrante do ECOMAR), que centenas de animais marinhos (aves, tartarugas, focas e cetáceos) foram reabilitados com sucesso. São múltiplos os tipos de enfermidades que estes autênticos médicos de unidades de cuidados intensivos de seres marinhos têm que tratar. As principais causas de ingresso no centro estão relacionadas com traumatismo, intoxicação por biotoxinas e exaustão. A taxa média de reabilitação tem sido acima da média, aplicando standards internacionais, particularmente no caso das focas e das tartarugas.
A excelência destes resultados deve-se à elevada qualidade das equipas multidisciplinares (médicos, enfermeiros, veterinários, biólogos e tratadores) que trabalham no centro e à forte cooperação entre a Sociedade Portuguesa de Vida Selvagem e o Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro. Dispondo de uma ambulância de emergência para animais marinhos arrojados o Centro está disponível 24 horas por dia, para acudir a qualquer eventualidade.
O ECOMAR assume-se como um centro de referência internacional. Neste contexto, o Centro conta com um Banco de Tecidos de Animais Marinhos, em rede internacional, uma Unidade de Cuidados Intensivos, um Hospital Veterinário e Salas de Quarentena para o tratamento e reabilitação de animais marinhos, constituindo uma unidade de resposta em caso de derrames. O ECOMAR é a primeira infraestrutura Portuguesa e Europeia em que se integram três conceitos: a investigação, a visitação e a reabilitação.
Sem dúvida que ao juntar visitação, produção de conhecimento (investigação) e operação (reabilitação/tratamento hospitalar) se estão a juntar temas que têm fortes sinergias entre si e podem vir a permitir, não só a sustentabilidade ambiental, como também o surgimento de novos empregos qualificados e a geração de recursos que permitam a sustentabilidade financeira do projeto, tornando-se assim, num exemplo de concretização do novo conceito de economia do mar, que é, em si, uma visão integrada dos assuntos do mar.
Este extraordinário exemplo de reabilitação de vida marinha é também um excelente exemplo de reabilitação das atividades relacionadas com o mar.
*Sócio da PwC