A secretária de Estado Adjunta e da Administração Interna rejeitou ontem a ideia de que a alteração à lei das armas – que está em curso – possa representar uma ligação entre os caçadores e a criminalidade com armas de fogo. Recorde-se que, no dia 1 de agosto, o governo anunciou que está a estudar o aumento das restrições à posse de armas de fogo. Depois do anúncio, várias organizações do setor da caça manifestaram-se contra aquilo que classificaram como “uma colagem aos crimes com armas de fogo”.
Isabel Oneto explicou que “não há qualquer ligação entre os titulares de licenças de uso e porte de armas e a criminalidade”. “O que referi é que há muitas residências onde têm armas que não estão a ser utilizadas, nem para a caça, nem para o tiro, e que essas armas estando ativas muitas vezes as habitações podem ser alvo de furtos”, acabando essas armas “utilizadas em crimes”, explicou.
A secretária de Estado referiu que estima que haja “cerca de 500 mil” armas que não estão ativas e invocou a necessidade de “lhes começar a dar um destino”. Em casos de “valor afetivo”, a governante defendeu que os cidadãos poderão “manter a arma”, sendo convidados a “desativá-la” para que “a pessoa, os que lá moram ou a comunidade esteja um pouco mais segura”.
Isabel Oneto manifestou a disponibilidade do governo para “manter e até fomentar a caça”, sugerindo uma alteração nos procedimentos a quem visita o país. “Vamos procurar, por exemplo, que portugueses que vivem no estrangeiro ou estrangeiros que vêm a Portugal que queiram exercer a caça não tenham que trazer a sua arma, pois todo o processo burocrático de entrada e saída de armas do país é muto complicado, podendo, junto das entidades gestoras da reserva, alugar uma arma desde que sejam titulares da carta europeia”, sugeriu.
Confiante que assim que o parlamento recomece os trabalhos a lei possa ser aprovada, a secretária de Estado acredita que a alteração vai “ajudar a fomentar uma atividade com grande relevância económica e uma tradição cultural” no país.