Depois das mais de 100 mortes de 2017, bem se esforçou este ano o Governo por implementar planos de contingência, dotou meios de socorro imprescindíveis para os combates, incluindo meios aéreos, procurou que houvesse limpeza de terrenos com multas oportunas mas, mais uma vez, não chegou.
Monchique veio trazer ao de cimo insuficiências estruturais da nossa defesa nacional contra incêndios. Todos encontramos explicações para aquele incêndio – desde a inexistência de fogos na zona desde 2003 até ao facto de especialistas terem atempadamente considerado o concelho como o de maior risco potencial de incêndio este ano, pela inexistência de limpeza, pela tipologia de um mato explosivo a trovoadas secas.
Por razões que não descortino, estes alertas caem em saco roto. Nos locais próprios não tocam campainhas, convive-se com avisos sérios sem nada aparentemente se procurar fazer. Até se diz: estas limpezas não se fazem em 1 ou 2 meses, demoram anos! A desculpabilização está tão enraizada que nem se nota a gravidade dessas afirmações, que deveriam levar a lugar próprio quem, por omissão, não agiu.
Não sou especialista da matéria, mas esses não escasseiam em Portugal. Detetado o problema, qual a razão para não se atuar? Não acredito que, nestas matérias, Centeno se atrevesse – em particular, neste ano – a cortar verbas. Tem de haver outra explicação: a certeza da impunidade perante omissões nas funções que lhes estão confiadas.
Vamos até admitir que, em 2018, seria impossível fazer tudo o que deveria ser feito. Mas qual o mínimo a fazer para evitar o alastrar do fogo, fosse onde fosse que surgisse? Circunscrever riscos, já que se afirma que, com as alterações climáticas, os fogos serão uma inevitabilidade? Atuações cirúrgicas e precisas que evitassem o alastrar destes cenários de horror, com o fogo a consumir dezenas de milhares de hectares e a passar de Monchique até Silves e Portimão
Escrevo com o coração, escasseia-me a razão. Mas também vir dizer que é «a exceção que confirma a regra», para além de a ‘exceção’ ser devastadora para a região, é parco consolo para quem tanto está a sofrer.
Num jogo de futebol, um guarda-redes faz uma exibição assombrosa mas aos 89’ dá um monumental ‘frango’. Também esse golo foi a exceção que confirmou a regra. Mas a equipa perdeu 0-1. Consequência? Derrota! Tal como nestes fogos, uma derrota nacional!
P.S. – Nestas linhas defendi que Santana Lopes, pela sua combatividade, seria melhor solução para o PSD do que Rui Rio. E este tem confirmado um pensamento esquerdista, a confundir-se com a ala moderada do PS, que não encanta as hostes laranjas. Como consequência, Rio não faz subir o partido nas sondagens. Apesar de tantas oportunidades para fazer oposição, esta inexiste e Costa agradece. Mas Santana Lopes, com a sua saída ao jeito de petiz amuado, em vez de se reservar como futura alternativa, meteu um auto golo. Afinal, os militantes do PSD escolheram bem! Preferem a maturidade de Rio ao desvario de Santana!