Na sexta-feira, foi António Costa – e outros membros do Governo – e hoje foi Marcelo Rebelo de Sousa. O Presidente da República considerou que só depois da visita do Executivo é que estariam reunidas as condições para ir a Monchique, ao local dos incêndios mais devastadores desta época.
A principal mensagem que António Costa deixou na sexta-feira em Monchique não foi propriamente nova: o sucesso de não se terem registado mortos. «Termos garantido que ninguém tenha morrido é extraordinário», afirmou aos jornalistas.
Mas, com a visita do primeiro-ministro a Monchique, ficou a saber-se que o Ministério da Administração Interna vai investigar o combate a este que já foi considerado o maior fogo em território europeu este ano.
Isto significa que além da investigação da Polícia Judiciária e do Ministério Público às origens das chamas, a tutela vai analisar a forma como o incêndio foi combatido para perceber se houve ou não erros. Mas sobre isso pouco mais disse António Costa: «Pessoas a especular já há muitas, não me compete ser treinador de bancada, compete-me ser primeiro-ministro […] O Ministério da Administração Interna abre sempre um inquérito relativamente a estas situações».
Considerando ser «incomparável» o fogo dos últimos dias com os incidentes do ano passado, o chefe do Governo aproveitou o final da reunião de sexta-feira com os autarcas de Silves, Monchique e Portimão para elogiar o trabalho da GNR na salvaguarda das populações – e anunciou algumas medidas: reconstrução das 17 casas destruídas, apoios à pecuária e à agricultura e a disponibilização de quatro linhas da Segurança Social de atendimento para dar apoio.
Costa reafirmou ainda que na sua primeira intervenção não desvalorizou a situação que se vivia em Monchique. «Esta excecionalidade justifica que eu hoje esteja aqui com outros membros do governo e amanha venha o senhor presidente da República», afirmou.
Na última semana, apesar da posição de Marcelo, que não se deslocou ao local para não incomodar os trabalhos em curso, houve conversas entre o chefe do Governo e o Presidente da República, nomeadamente quando as chamas se aproximaram de Silves e fizeram soar os alarmes no Executivo e nos responsáveis operacionais – que se desdobraram em reuniões.
A ausência do presidente da República em Monchique foi justificada desde os primeiros dias pelo próprio com o facto de a comissão de avaliação aos fogos do ano passado ter dado conta de que a presença de altas individualidades foi prejudicial. na sexta-feira ficou a saber-se que Marcelo só iria depois do primeiro ministro e da comitiva do Governo.
Numa nota publicada no site da Presidência da República, Marcelo faz saber que só na sexta-feira estão reunidas as condições para que possa ir às áreas afetadas: «Dominado o fogo na área de Monchique, Portimão e Silves, e efetuada a avaliação pelo senhor Primeiro-Ministro e vários ministros, o Presidente da República considera estarem preenchidas as condições para seguir para o Algarve e visitar […] a área atingida pelos fogos».