Vivem alheios à idade e fogem da reforma como o diabo da cruz. Pulam e cantam para delírio dos seus fãs como se a idade não tivesse passado por eles, apesar das rugas dos rostos deixarem passar outra realidade. Mick Jagger é um desses vários casos e talvez um dos mais emblemáticos. O vocalista dos The Rolling Stones acabou de fazer 75 anos e a sua carreira dura há mais de 50 anos. Há décadas que domina os palcos e é considerado um dos vocalistas mais populares e influentes da história do ‘rock & roll’. A carreira continua de vento em popa.
Pai de oito filhos de cinco mulheres diferentes, tornou-se «Sir» Mick Jagger em 2003 quando foi ordenado cavaleiro pela Rainha Isabel II por serviços prestados à música.
Jagger nasceu em Dartford, no sudeste de Inglaterra, a 26 de julho de 1943 e é o filho mais velho de um professor e de uma dona de casa. Estudou contabilidade na London School of Economics até abandonar a universidade. Mas já nessa altura investia na sua carreira musical e quando precisou de escolher um caminho, não teve dúvida, a música falou mais alto. Em conjunto com Keith Richards – entretanto também conheceu Brian Jones, que anos mais tarde (1969) foi encontrado morto na piscina da sua casa – fundou os Rolling Stones. Venderam mais de 200 milhões de discos em todo o mundo.
Certo é que a relação do músico com o seu colega de banda, Keith Richards, é frequentemente descrita como de amor/ódio. Conheceram-se na primária, mas por terem ido para escolas diferentes perderam o contacto, reencontrando-se anos depois. Aliás, no livro autobiográfico do carismático guitarrista, Life não poupou nenhum elemento da banda e até o tamanho do pénis do vocalista foi alvo de chacota – mas Keith Richards reconhece-lhe o máximo profissionalismo.
‘Competiram’ com os Beatles, mas a rebeldia que caracterizaria os Stones marcou gerações. Rebeldia essa que assentava essencialmente no espírito de Brian Jones, que sempre criou problemas com autoridades. O guitarrista abusava de álcool, LSD e metanfetaminas, entre outras drogas da época. A sua morte afetou de tal forma Jagger que acabaria por fazê-lo mudar certos hábitos de vida.
A sua vida sempre esteve sob os holofotes, não apenas pelo seu percurso musical, mas também pela irreverente vida pessoal, com drogas, prisão, tentativas de assassinato e bissexualidade. O seu relacionamento com David Bowie foi revelado por Christopher Anderson, autor de uma biografia não autorizada do vocalista dos Rolling Stones. «Mick Jagger e David Bowie estavam fascinados um pelo outro, como artistas e como homens», revelou. Os cantores fizeram um dueto, em 1985, quando cantaram uma versão de Dancing In The Street.
Outra das polémicas decorreu durante o Altamont Music Festival, quando um jovem norte-americano, Meredith Hunter, foi assassinado em pleno concerto, a poucos metros da banda por um membro do grupo de motociclistas Hell’s Angels. Estes faziam a segurança do evento e, após o crime, Mick Jagger disse não voltar a querer os serviços do grupo.
O vocalista da banda britânica também se interessou pela dramaturgia, embora sem grande sucesso nas suas várias atuações. Chegou a contracenar ao lado de Anthony Hopkins no fikme Freejack – Os Imortais.
Há pouco mais de dois anos voltaram a fazer história quando os Rolling Stones deram um concerto gratuito em Havana (Cuba). Este foi um marco que mostrou a normalizada relação de Cuba com o país norte-americano. «Estamos aqui finalmente. Tenho certeza de que esta será uma noite inesquecível» – disse o vocalista no início da apresentação histórica para 1,5 milhões de pessoas.
Mas este não é o único dinossauro da música. Há muitos outros, uns mais ativos do que outros.
Outros artistas
Bob Dylan
É um dos nomes incontestáveis da música moderna. Nasceu a 24 de maio de 1941 (77 anos), conta com mais de 50 anos de carreira e mais de 35 álbuns. Uma lenda da música que continua a colecionar fãs pelo mundo. Compositor, cantor, pintor, ator e… escritor. O norte-americano foi galardoado, em 2016, com o Prémio Nobel da Literatura, por ter criado «por ter criado novas formas de expressão poéticas no quadro da grande tradição da música americana». Dlyan esteve este ano em Portugal, no Altice Arena, para um concerto há muito esperado pelos portugueses.
Eric Clapton
Eric Patrick Clapton nasceu a 30 de março de 1945 (73 anos). Apelidado de Slowhand, é considerado um dos melhores guitarristas da história do rock. Apesar de o seu estilo musical ter variado, Clapton manteve sempre as suas raízes ligadas ao blues e foi considerado inovador por parte dos críticos em várias fases distintas da sua carreira. Tem várias canções nas listas das mais populares de todos os tempos. A música Wonderful Tonight é um desses casos. Em 2004, foi condecorado com o título de Comandante da Ordem do Império Britânico (CBE).
Paul McCartney
Com 76 anos feitos em junho, McCartney alcançou a fama mundial como membro dos The Beatles, com John Lennon, George Harrison e Ringo Starr. Lennon e McCartney foram uma das mais influentes e bem sucedidas parcerias musicais de todos os tempos e responsáveis por algumas das músicas mais populares da história do rock. Cantor, compositor, empresário, produtor musical e cinematográfico é também ativista dos direitos dos animais. Após a dissolução da banda britânica, em 1970, lançou-se numa carreira a solo.
Ringo Starr
Richard Starkey, mais conhecido pelo seu nome artístico Ringo Starr, nasceu a 7 de julho de 1940 (78 anos). O músico ganhou fama mundial como baterista dos Beatles após substituir Pete Best e ficou na banda até a sua separação em 1970. Em 1966, juntamente com os outros elementos da banda, Ringo foi agraciado pela Rainha Elizabeth II com a medalha da Ordem do Império Britânico (MBE). Mas já este ano, 53 anos depois de ter recebido a medalha do Império Britânico, o Duque de Cambridge concedeu a Ringo Starr o título de Cavaleiro Celibatário do Império Britânico e nomeou-o ‘sir’, em reconhecimento pelos seus serviços enquanto músico.
Rod Stewart
Cantor e compositor britânico, com ascendência escocesa, nasceu a 10 de janeiro de 1945 (73 anos). Conhecido por sua voz áspera e rouca, Stewart começou a ficar conhecido no final dos anos 60 quando participou da Jeff Beck Group e depois juntou-se ao The Faces. Ao mesmo tempo foi apostando na sua carreira a solo que já dura há cinco décadas. Em 2016 foi condecorado com o título de ‘sir’ pelo príncipe William, que reconheceu a contribuição do cantor com a música e suas obras de caridade.
Roger Waters
O músico vai fazer 75 anos no próximo dia 6 de setembro. É um dos fundadores da banda de rock Pink Floyd e mais tarde acabou por apostar numa carreira a solo. Numa em entrevista recente, quando lhe pediram para refletir sobre o seu legado, o septuagenário disse apenas que o seu maior contributo para a música terá sido o aperfeiçoar do «teatro do rock de arena». Passou pelos palcos portugueses em maio.
Mick Love
Com 75 anos, este cantor e compositor foi um dos fundadores dos The Beach Boys, uma das bandas mais influentes da história do rock e do pop. Mais tarde, encetou também uma carreira por conta própria.
Tina Turner
A Rainha do Rock vai fazer, a 26 de novembro, 79 anos. A cantora, que passou por momentos de fama, violência doméstica e dificuldades económicas antes de conquistar definitivamente a indústria da música, afastou-se de vez dos palcos em 2009, com a digressão que assinalou os 50 anos de carreira. Ainda sem estrela no passeio da fama de Hollywood, Tina Turner ficará para sempre eternizada junto do público pelas suas atuações eletrizantes, pela voz e presença em palco. Em 2013 pediu a nacionalidade suíça e assinou a declaração de renúncia voluntária à cidadania norte-americana. Os fracos vínculos de Tina Turner aos Estados Unidos, à exceção da família, terão sido determinantes para esta decisão.
Steven Tyler
O vocalista dos Aerosmith, conhecidos por muitos como «The Bad Boys from Boston», chegou este ano aos 70. Os Aerosmith continuam a ser a banda de rock norte-americana que mais vendeu em toda a história, com mais de 150 milhões de álbuns vendidos em todo do mundo. Marcaram presença em Portugal, no ano passado. Uma despedida, pelo menos dos palcos, garantiu Steven Tyler, dono de uma voz estridente bastante acarinhada pelos seus fãs.