Mundiais. Final inédita no feminino e Pimenta mais perto do ouro

Teresa Portela e Joana Vasconcelos fizeram história em Montemor-o-Velho: pela primeira vez, uma final mundial de K2 500 metros terá presença portuguesa. Já o tricampeão europeu está a meio do caminho para conseguir a sexta medalha e com o foco bem apontado: o primeiro ouro nos K1 1000 metros, depois do segundo lugar em 2017…

O primeiro dia dos Mundiais de Canoagem que se disputam até este domingo em Montemor-o-Velho já valeram sorrisos para uma dupla portuguesa: Teresa Portela e Joana Vasconcelos garantiram esta quinta-feira a primeira qualificação portuguesa de sempre para uma final de K2 500 metros. As duas canoístas lusas arrancaram do décimo lugar e terminaram em terceiro na série, atrás das neozelandesas Lisa Carrington e Catlin Ryan e das húngaras Anna Kárázs e Danuta Kozak, cumprindo a prova em 1.41,737 minutos e ficando assim livres das meias-finais.

“Tinha vontade de fazer isto em Portugal com a Joana. Esse era o nosso principal objetivo, embora soubéssemos que ia ser um desafio difícil”, referiu logo após a regata Teresa Portela, que não tripulava K2 em Mundiais desde 2006. Para a final, que se realiza este sábado a partir das 13h04, as ambições da atleta natural de Vila Nova de Gaia já são mais comedidas – embora sem limites: “Acho, realmente, que vai ser tudo muito disputado. Podemos ficar muito perto do pódio ou sermos nonas. Não era tentar proteger-me, mas o nosso objetivo era mesmo ir à final. Estamos muito contentes.”

Joana Vasconcelos, também atleta do Benfica, já tinha estado numa final de K2 500 em 2012, então nos Jogos Olímpicos de Londres e ao lado de Beatriz Gomes – terminaram em sexto, a melhor classificação portuguesa de sempre. “É sempre diferente, e o Mundial é por norma mais forte do que nos Jogos Olímpicos”, realçou, desejando que a dupla consiga agora aplicar na final tudo o que tem feito nos treinos.

Joana e Teresa, que alcançaram o ouro nos Europeus de Belgrado no passado mês de junho em K2 2000 metros, acreditam que este desempenho irá beneficiar o K4500, onde se juntarão a Francisca Laia e Francisca Carvalho: além do menor desgaste físico, significa uma automática injeção de confiança para a tripulação.

 

Pimenta sem stress

Ainda a meio caminho, mas já com um apuramento no bolso, está Fernando Pimenta, o nome maior da modalidade em Portugal. O canoísta que em março trocou o Clube Náutico de Ponte de Lima pelo Benfica ganhou a série dois das eliminatórias, qualificando-se assim para as meias-finais de K1 1000. O tricampeão europeu comandou toda a prova, concluindo a mesma com um tempo de 3:31.419, à frente do dinamarquês René Poulsen (por 1,755 segundos) e do belga Artuur Peters (1,825). Vice-campeão mundial em 2017, na República Checa, e terceiro classificado em 2015, em Milão, Fernando Pimenta persegue um inédito título mundial nesta distância olímpica, depois de já o ter conseguido em K1 5000 (que não integra o programa dos Jogos Olímpicos e onde vai competir também em Montemor-o-Velho).

“Pode ser esquisito por estar a disputar um Mundial, mas sinto-me muito tranquilo. Demasiado tranquilo, até. Mas é bom, é quando me apresento melhor”, indicou o líder da representação portuguesa – uma das maiores da história da seleção lusa de canoagem, com 33 atletas e mais cinco de paracanoagem. “Durante a prova foi tentar destacar-me dos adversários. Correu bem e consegui reservar alguma energia. É bom começar um campeonato do Mundo com uma vitória, mesmo que seja moral, apenas numa eliminatória. Agora é ter alguma sorte na semifinal, para ser mais calma e poupar-me para a final”, desejou Fernando Pimenta, que tem no currículo um quinto lugar olímpico nos Jogos de 2016, no Rio de Janeiro.

As meias-finais disputar-se-ão este sábado, a partir das 09h50, com o início da final marcado para as 12h21 – um hiato invulgar, pois as duas fases costumam realizar-se em dias diferentes, mas que já foi testado este ano na Taça do Mundo… com Pimenta a vencer. “Faz sentido quando é igual para todos. Não é algo a que estejamos habituados, mas já foi assim na Taça do Mundo, que venci, mesmo tendo gasto mais energia na prova mais rápida. Vai depender dos treinos e da fisiologia de cada atleta. Espero ser dos finalistas e dos que recuperará melhor para estar em bom nível”, frisou, pedindo que os fãs lhe dêem algum descanso para que consiga o tão desejado ouro: a disponibilidade para carinhos, autógrafos e selfies do atleta natural de Ponte de Lima voltará no fim da competição.

 

Maratonas em setembro

Em K1 500, João Ribeiro terminou em segundo, com 1.40,109, a 555 milésimos do alemão Tom Liebscher, liderando uma vasta equipa lusa rumo às meias-finais que decorrem esta sexta-feira, a partir das 11h30. Bruno Moreira e Fábio Cameira acabaram em quarto no K2 1000 de Bruno Moreira e Fábio Cameira, com Bruno Afonso e Marco Apura a conseguir um quinto posto em C2 1000. Maria Rei, campeã do Mundo júnior em K1 1000 e em estreia em Mundiais absolutos, foi repescada por tempos para as meias-finais desta distância, com o olímpico Hélder Silva a concluir em sétimo em C1.

O Mundial, que junta cerca de 1700 atletas de 70 países, é o primeiro absoluto de regatas em linha realizado em Portugal. Este ano, o nosso país irá ainda acolher o Mundial de maratonas, já no próximo mês de setembro (de 6 a 9) na Vila de Prado (Vila Verde) – evento que não integra o programa dos Jogos, mas que é visto igualmente como um dos maiores da canoagem mundial.